Pesquisa mostra como fazer plástico usando catalisadores naturais

Todo mundo odeia plásticos, enquanto bebem sua água sem gás numa garrafinha. Plásticos são poluentes quando jogados fora de qualquer jeito e são poluentes também enquanto são produzidos. Entretanto, a demanda por plásticos não para de crescer, apesar do vidro ser uma alternativa ecologicamente melhor, mas custosa. É caro para transportar, é caro para manter, já que vidro quebra, é inseguro e é preciso higienizá-lo, já que ninguém recicla vidro diretamente. Plásticos vencem por serem mais baratos em armazenagem e transporte.

Uma equipa de pesquisadores resolveu partir para outro lado. E que tal se produzíssemos plásticos mais baratos e de forma mais ecológica?

A drª Lucia Gardossi é química (com ela a oração e a paz) e trabalha como professora de Química Orgânica no Departamento de Ciências Químicas e Farmacêuticas da Universidade de Trieste, Itália. Sua pesquisa visa estudar a produção de poliésteres renováveis através de uma policondensação catalisada por uma enzima. Com isso…

Pára por aí. Começa explicando que bagaça é essa de polileitecondensado

É policondensação e não tem a ver com feitura de leite condensado. Trata-se de um processo de polimerização utilizado para monômeros não-vinílicos, em que o polímero vai sendo formado devido à existência de reações de condensação entre dois monômeros homobifuncionais ou um monômero bifuncional.

Você copiou isso da Wikipédia, né?

Copiei, mas eu explico.

Algumas cadeias carbônicas têm mais de um grupo funcional. Grupo funcional é o radical que caracteriza uma determinada função química orgânica. E funções químicas (sejam orgânicas ou inorgânicas) são substâncias diferentes com propriedades semelhantes. Assim, os álcoois, por exemplo, possuem radical ~OH, uma amina tem radical ~NH2 (se for primária) e um ácido carboxílico tem radical ~COOH. Uma cadeia bifuncional tem dois radicais diferentes. Uma cadeia homobifuncional é uma cadeia com dois radicais iguais.

Um exemplo desse tipo de polimerização é quando temos um aminoácido, que tem radical amina e ácido carboxílico. Ele sofre polimerização (tendo apenas um único tipo de aminoácido ou mais de um), em que a parte do ácido carboxílico se liga à parte da amina de outra molécula, formando uma ligação peptídica. Cada molécula é um monômero e para o caso de se condensar duas moléculas, temos um dímero, mas não para aí. Essas ligações peptídicas vão se formando e, assim, vai formando uma proteína, que é um polímero, uma macromolécula. É uma polimerização por condensação, catalisada por enzimas. Sem enzimas, essa reação, SE acontecer, será absurdamente ineficiente.

Lucia entendeu então que, hummmm, e se usássemos enzimas para outros tipos de polimerização? Bem, Lucinha Lins começou a trabalhar na produção de polímeros tendo como base monômeros oriundos de açúcares obtidos por fermentação microbiana. A polimerização é feita por meio de enzimas extraídas da casca de arroz.

Além de utilizar materiais de partida ??e catalisadores renováveis, Lúcia e seus colaboradores eliminaram a necessidade de solventes e eram capazes de realizar as reações a uma temperatura ridícula de 50 °C, muito abaixo das reações de polimerização correntes.

Mas e se aumentar a temperatura, não catalisa mais a reação?

Sim e não. Não se sabe ao certo por causa de um pequeno detalhe: temperaturas maiores detonarão as enzimas e o processo vai pro ralo.

A pesquisa foi publicada no periódico Green Chemistry. É uma nova ideia que pode ser muito legal no futuro. Sua garrafinha de água vindo direto da cana-de-açúcar, catalisada por enzimas naturais, acarretando num plástico mais “verde”. É pra já? Não, óbvio que não. Mas pelo menos não ficamos parados dizendo “ah, que pena. Estamos poluidinhos”

É a Química sempre dando um jeito de melhorar o mundo, enquanto idiotas usam a Química para desgraçar tudo.

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