Lagartos mostram Efeito Baldwin no deserto

Aprendemos que Evolução não se dá em indivíduos apenas, mas em populações. Aprendemos também que é um processo lento, mas de vez em quando ela nos prega peças e acontece mais rápido do que poderíamos supor, já que o mundo não é como queremos que seja, e as “leis científicas” são uma aproximação. Ou, como eu costumo dizer, “É regra que toda regra tem exceção”. Outro exemplo poderia ser o Lamarckismo, cujo princípio é a lei do Uso e Desuso. Você sabe, aquele lance das girafas serem pescoçudas para poderem comer as folhas das árvores mais altas por motivo sei lá, já que poderiam comer as folhas mais baixas.

Só que ainda temos um pequeno detalhinho: o Efeito Baldwin.

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Os negros pontos invisíveis e uma ameaça perto de você

Vamos direto ao ponto, pois detesto dourar pílulas: Seu cérebro é uma bosta e seus olhos, uma merda. Você pensa que eles são ótimos, mas isso é só porque você só tem eles. Se tivessem coisa melhor, trocariam na mesma hora. Alguns alegam que esses órgão são a prova definitiva de um projetista inteligente. Bem, se isso é o melhor que ele pode fazer, não estou minimamente impressionado.

Você tem todo direito de amar todos os seus órgãos, mas eu sou obrigado a dizer que eles funcionam muito mal. Uma prova disso é que nem um ponto preto você consegue enxergar direito.

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Cientistas colocam o bicho-pau na mesa para fazer robôs melhores

Muitas vezes as pessoas confundem camuflagem com mimetização. Camuflagem é quando seu padrão de cores se mistura com a do ambiente, como leões em plena savana africana. Já a mimetização é quando o animal mimetiza, isto é, imita algo ao seu redor, como aranhas que se parecem com formigas, como a Myrmarachne plataleoides. Mas o clássico mesmo é o chamado bicho-pau, um artrópode insecta da ordem Phasmatodea. Ele tem este nome por ser parecido com um graveto, não necessariamente um pau, dada as dimensões. E por isso é chamado de stick insect. Esta gracinha chega até a 18 cm e nessa altura você está fazendo mil e uma piadinhas a respeito do bicho. Quando parar com a infantilidade, eu continuo.

Cientistas adoram o bicho-pau (inclusive), pois ele tem uns segredinhos que podem ser bem úteis. Um desses segredinhos é como o bicho-pau anda. Saber como ele move suas longas pernas e mantém-se em perfeito equilíbrio pode ajudar a vencer desafios em termos de engenharia e robótica.

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Você acha que as listras das zebras são para camuflagem? Tenho más notícias

Em finais do ano passado, eu publiquei artigo sobre uma pesquisa mostrando novos modelos matemáticos explicando como aparecem as listras nos animais. O que muita gente acha é que as listras das zebras são uma vantagem adaptativa que as faz se camuflar com o ambiente, pois Evolução é bem isso: alguma entidade mágica resolve criar um padrão para que o bichinho bonitinho não atraia a atenção de predadores. Claro, isso cai por terra quando vemos o pavão, que é tão chamativo quanto… bem, quanto um pavão.

O problema é que a Ciência não se importa com senso comum. Simulações visuais mostrando como as zebras aparecem aos olhos de seus predadores evidenciam que suas listras não ajudam em nada na mescla do padrão de cores com o ambiente à sua volta.

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A matemática de como aparecem listras em animais

Todo mundo conhece Alan Turing. Ainda mais depois do filme O Jogo da Imitação. Além de Pai da Computação Moderna, Turing estudou até padrões matemáticos sobre o surgimento de manchas em animais, o que acarretou na publicação The Chemical Basis of Morphogenesis (leia o PDF com o paper dele). Mas seu trabalho, apesar de brilhante, não respondia a certas questões. Muitos animais nâ têm manchas como vacas, mas em forma de listras, como alguns felinos (você sabe, desde aquele seiu gato vira-latas até tigres). O modelo de Turing não respondia como isso acontecia. Obra de Jesus? O Projetista Inteligente resolveu sacanear os cientistas ateus que querem destruir a família tradicional?

Uma pesquisa recente busca responder isso, buscando matematizar e criar novos modelos para explicar de onde vêm essas listras.

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A capacidade de camuflagem das lagartixas

Toda criança é sádica, ou pelo menos as normais. Eu fiz, você fez e seu amiguinho de infância também cortou rabo de lagartixa pra saber se ela crescia de volta, ficava cotó ou virava o Godzilla. Claro, a geração leite-com-pêra e ovomaltine, criados numa redoma com merthiolate que não arde, são capazes de surtarem se virem uma lagartixa. Nossas amiguinhas geconídea tem muitos poderes, como subir pelas paredes (junto com as mulheres quando essas as olham). O que pouca gente sabe é que lagartixas têm capacidade de camuflagem, mudando sua cor para se misturar com o ambiente (não confundir com mimetização, que é quando o animal ou planta imita outro corpo, como é o caso do bicho-pau, que tem a forma de um gravetinho).

Mas, como é essa mudança de cor?

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Cientistas criam robô com capacidade de camuflagem

Antes que algum exterminador apareça do nada na sua sala, é preciso que batedores sondem o local. Claro que esse negócio de apocalipse robótico não é tão simples e é preciso tomar cuidado, pois se algum desses batedores aparecer aqui no Rio, em menos de um dia estarão sendo vendidos na rua Uruguaiana (ou na 25 de março, caso acabem indo pra São Paulo).

Cientistas da Universidade de Harvard — cuja instituição não tirou 3 no IDEB e nem teve nenhum severo corte nas verbas – desenvolveram um robô com capacidade de camuflagem. Se você olhar pro chão agora e ficar em dúvida se ele está se mexendo, acho melhor ligar pro John Connor.

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Tostines biológico: Peixe mimetiza polvo ou polvo mimetiza peixe?

Em termos de sistema de defesa, muitas vezes as pessoas confundem camuflagem com mimetização. Camuflagem acontece quando o animal se mistura com o ambiente, alterando o seu padrão de cor. Um perfeito exemplo é o camaleão (família Chamaeleonidae), que passa de rosa pra verde, pra cinza e assim sucessivamente. Mimetização é um pouco mais especializado, onde o bicho imita o ambiente, seja no padrão de cores (e não apenas A cor) ou no formato, como é o caso do bicho-pau (ordem Phasmatodea).

Os polvos, em geral, usam de camuflagem. Mas, o polvo mímico (Thaumoctopus mimicus) consegue  a façanha de imitar não só a aparência, mas o comportamento de outros animais, ganhando uma vantagem evolutiva que o permite continuar seguindo em frente na luta pela sobrevivência.

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