O deserto de Ocucaje, no Peru, é um lugar fascinante. Esse deserto era um lugar de encontro de criaturas marinhas extraordinárias: baleias que caminhavam, golfinhos com rosto de morsa, tubarões com dentes do tamanho de um rosto humano, pinguins de penas vermelhas, preguiças aquáticas. Ocucaje guarda segredos de um tempo em que não era uma imensa paisagem árida, mas sim um ambiente exuberante, quente e úmido, repleto de vida. E foi nesse cenário, há cerca de 10 milhões de anos, que um jovem crocodilo deslizou por rios em busca de peixes, um predador eficiente e adaptado à vida aquática; mas a tragédia se abateu sobre ele e nosso amigo réptil nunca mais voltou.

Agora, o fóssil desse nosso amigo rastejante emergiu das areias desérticas, oferecendo um vislumbre fascinante sobre um passado do Peru!

A descoberta foi feita por uma equipe de paleontólogos do Instituto Geológico, Mineiro e Metalúrgico do Peru (Ingemmet), liderada pelo dr. Mario Gamarra Cuba. O fóssil, impressionantemente preservado, mede cerca de três metros e pertence à família dos gaviais, crocodilos conhecidos por seus focinhos longos e estreitos, perfeitos para capturar peixes.

Este espécime viveu durante o Mioceno, um período marcado por transformações geológicas e climáticas significativas. Nessa era, o deserto de Ocucaje era uma região rica em biodiversidade, repleta de rios, lagos e uma fauna aquática vibrante, fazendo do Peru um lugar muito interessante desde sempre.

Imagem meramente ilustrativa e nem sei porque coloquei.

Os gaviais, como o jovem crocodilo encontrado, destacam-se por suas adaptações extraordinárias. Seu focinho fino e repleto de dentes afiados os tornava caçadores excepcionais. Apesar de ainda estar crescendo, o crocodilo descoberto já apresentava as características que o tornariam um predador formidável. Para os adultos da espécie, o tamanho podia alcançar impressionantes nove metros, consolidando seu papel como dominadores dos ecossistemas aquáticos da época.

O deserto de Ocucaje é um local reconhecido por sua abundância de fósseis. As camadas de sedimentos da região revelam um panorama fascinante da vida pré-histórica, desde pequenos peixes até colossais baleias. A conservação excepcional do crocodilo sugere que ele pode ter morrido subitamente, talvez em uma inundação catastrófica, permitindo que seu fóssil fosse preservado com tamanha integridade.

Além de ser uma janela para a evolução dos crocodilos, este fóssil oferece informações valiosas sobre as condições ambientais do Mioceno. Ele revela detalhes sobre como mudanças climáticas e geológicas moldaram os ecossistemas aquáticos do passado.

Em um esforço para compartilhar essa incrível descoberta, o Ingemmet preparou uma exposição do fóssil para público em suas instalações. Quando vocês forem dar um rolê no Peru, divirtam-se até revirar os olhinhos.

Fonte: Phys.org