O caso do animadaço Leão do Castelo de Gripsholm

Eu adoro essa história. Tanto adoro que eu estou genuinamente surpreso por nunca tê-la contado antes. Bem, que se conte agora, e é a história da taxidermia mais famosa que varia entre WTF e o hilário, passando por vergonha alheia. Ainda assim, é extremamente divertida em seus detalhes. É a história do leão mais tosco já taxidermizado.

Estamos em 1731. O rei Frederico I da Suécia foi presenteado pelo Bey (o manda-chuva) de Argel (não confundir com Argélia) com um leão. Sim, um leão vivo. Isso foi uma troca de gentilezas, já que a Suécia cumulou Argel com presentinhos para eles darem salvo conduto para os navios suecos; então, o Bey mandou o bicho para estreitar mais ainda os laços, mas não é só isso. O presente tinha um significado especial, pois, leões são sempre associados com a realeza, por ele ser o Rei da Selva. Sim, eu sei que leões não vivem em florestas, mas em savanas. Posso continuar? Obrigado.

Fred, O Primeirão, era da casa de Casa de Wittelsbach, uma dinastia bávara que mandou e desmandou naquela região entre 1323 e 1918. Sim, quase 600 anos! Com isso, sua família era extremamente poderosa e como rei, claro, vários reinos o reconheciam como enviado divino ou alguma bobagem nesse sentido; por isso o presente. Só que havia mais um simbolismo: o brasão real.

Normalmente, os poderosões tinham algum leão em seu brasão de armas. Aliás, só abrindo um parêntese, esses brasões eram para todo mundo saber quem era quem, e quem tinha direito a dizer que era quem. Heráldica é algo hipercomplicado e vou passar batido por isso, já que estou com preguiça e não ficarei enchendo linguiça por pouca coisa.


Brasão da Casa de Wittelsbach nos séculos XIII e XIV

O leão vira uma sensação na Suécia, mas segue o caminho de todos os seres vivos: bateu a… juba? Sim, porque leões não têm botas (acho). Claro, é uma pena. Era um presente tão maneiro! O lance é imortalizá-lo com a taxidermia (você sabe: empalhar o bicho). Então, tiraram o couro do bicho e preservaram os ossos para transformá-lo num troféu, mas a burocracia, preguiça ou simplesmente funcionário público pouco se importando fez com que deixassem o couro e os ossos em algum canto. Os restos do Rei Luisinho só foi encaminhado para ser taxidermizado alguns anos depois.

Tudo muito bem, tudo muito legal, mas havia um probleminha: o taxidermista real não pagou a Internet e não tinha como saber como era um leão de verdade, nunca viu canal da NatGeo e muito menos viajou até a África. Ele simplesmente fez o melhor que pôde para dar vida àquele couro de leão e seus ossos e o resultado foi…


Tá cara dos leões heráldicos, você tem que admitir!

O Leão do Castelo de Gripsholm está no Castelo de Gripsholm (óbvio, né?), localizado na cidade de Mariefred, perto de Estocolmo, na Suécia, e está esperando a sua visita. E não ria, você não poderia ter feito melhor nas mesmas condições.

Mas que ainda é engraçado e parece personagem de desenho da Hanna-Barbera, isso é.

2 comentários em “O caso do animadaço Leão do Castelo de Gripsholm

Deixe um comentário, mas lembre-se que ele precisa ser aprovado para aparecer.