Pesquisadores estudam por que seu olho se mexe quando dorme, mas tudo está flácido

Durante o sono, nós passamos por diversos estágios. Um deles é o chamado “sono paradoxal”, também conhecido por “Sono REM”, em que o acrônimo significa Rapid Eye Movement ou Movimento Rápido dos Olhos. Esta fase é onde os sonhos acontecem direto, e é bem reconhecido externamente pelo que o próprio nome indica: os olhos se mexem muito rápido, apesar do tônus ??muscular da pessoa estar completamente relaxado, embora o cérebro esteja à toda velocidade.

Tudo muito bem, tudo muito legal, mas aí vem a pergunta: ok, o cérebro tá à toda, os olhos estão no ziriguidum. Por que o restante dos músculos estão relaxados, de boas?

Franck Girard é fotógrafo, mas não é o Franck Girard que nos interessa. Quem nos interessa é o dr. Franck Girard, professor do Departamento de Ciências e Medicina da Universidade de Freiburg, na Suíça. Juntamente com o dr. Marco Celio, professor de Histologia e Embriologia da mesma instituição, estudou como neurônios do tronco cerebral agem durante o sono REM, e formam uma estrutura que lembra as asas de borboletas, e, por causa disso, tal estrutura foi batizada de Nucleus papilio.

Esses neurônios estão associados a múltiplos centros nervosos, especialmente os responsáveis ??pelo movimento ocular e os envolvidos no controle do sono. Sendo assim, a pesquisa veio com a seguinte pergunta: os neurônios do Nucleus papilio podem desempenhar um papel no controle dos movimentos oculares durante o sono? Só tem um jeito de saber.

Girard e Celio entraram em contato com o drª. Carolina Gutiérrez Herrera, do Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Berna, mais interessado no sono de ratos. O que eles descobriram foi que os neurônios do Nucleus papilio são particularmente ativos na fase do sono paradoxal. Começaram a estreitar o campo de observação desses neurônios para poderem captar melhor os detalhes do que andava rolando por lá.

Dessa forma, apelaram para o uso de métodos optogenéticos, isto é, estimular os neurônios com luz para ver o que acontecia, mediante comprimentos de onda bem definidos, e em que ponto isso influencia ao código genético das referidas células.

Ao analisar as informações, descobriram algo bem interessante: os neurônios do Nucleus papilio desempenham um papel importante no movimento ocular durante o sono REM, mas foram capazes de ativar especificamente o Nucleus papilio da maneira que queriam, bastando empregar apenas luz. Assim, controlando como os neurônios se ativam e exercem o movimento dos olhos durante o sono REM, os pesquisadores conseguiram criar um controle remoto neuro-muscular específico. Agora, é só brincar de acender luzinha para ver os olhos darem voltinhas, enquanto destrincham outras regiões do cérebro dos ratos para entender como fica o restante do corpo nesta ocasião.


Clica que amplia

Claro, você vai querer saber para que isso vai servir. Simples: para entender como doenças degenerativas como Parkinson funcionam. E, de repente, por meio de optogenética, quem sabe se, mesmo que não cure, não poderemos minimizar os efeitos? Só de pensar nisso fico tremendo de satisfação (too soon?)

A pesquisa foi publicada no periódico Nature Communications, e está com texto integral disponível e aberto.

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