As novas formas de vida ao redor do monte Santa Helena

monte-santa-helena.jpg18 de maio de 1980 é uma data que entrou para a história do sudoeste do estado norte-americano de Washington. Nessa data, às 08h32min, as forças do Senhor do Escuro interior da Terra rebelaram-se e o que se sucedeu foi a maior erupção vulcânica da história dos EUA, onde 57 pessoas morreram (sim, apenas 57 e já foi muito). A coluna de cinzas elevou-se a mais de 20 km na atmosfera e atingiu 11 estados. Só para terem uma ideia, o topo da montanha reduziu-se em 400 metros.

O que parecia uma tragédia total mostrou que o filme do Jurassic Park estava certo: a Natureza sempre dá um jeito. As forças da Seleção Natural não param, e o que se viu é algo que não existe na mente de muitas pessoas cegas pelos antolhos mentais do criaBURRIcionismo. Num lugar onde havia uma grande diversidade biológica, proliferando principalmente em árvores, o que se sucedeu com o extermínio daqueles seres vivos foi a proliferação de outros seres vivos, mais adaptados à paisagem lunar que se formou então. A Seleção Natural dá, a Seleção Natural toma…

O dr. Jerry Franklin, professor de análise de ecossistemas da Universidade de Washington, estuda os arredores do Monte Santa Helena há muito tempo.

O que ele e seus colaboradores descobriram foi que muitas plantas e animais que eram incapazes de sobreviver antes, quando o local era praticamente fechado pelas copas das árvores, ou por causa de predadores pouco sociais, começaram a proliferar com extrema rapidez depois da erupção. Algumas dessas espécies eram absolutamente novas na área, como a cotovia do oeste (Sturnella neglecta). Os novos ecossistemas resultantes mostraram-se ainda mais produtivos do que os das antigas florestas pré-erupção. As pressões seletivas entraram e ação, e os espécimes de animais e plantas que tinham condições de sobreviver no referido ambiente começaram a despontar com velocidade. Um exemplo são os casos em que aranhas foram levadas pelo vento para a zona de erupção; vulcanólogos montaram sensores de aço inoxidável para monitorar a contínua atividade vulcânica; e guardas florestais perceberam que as áreas intocadas pelo homem após a erupção geraram maior biodiversidade do que os lugares onde procuraram acelerar a revitalização tentando salvar árvores mortas ou plantando novas.

Abaixo, podemos ver uma reportagem da BBC na época da erupção (in English, sorry).

Imagino que algum débil chegará aqui arrotando que a Ciência não pôde fazer nada. Na verdade, sim e não. A Ciência propôs métodos de prever tais eventos, ainda que não tão perfeitos, mas pelo menos salvou milhares de vidas. Dois cientistas que estavam na hora lá, estudando e coletando dados para ampliar o conhecimento científico perderam as suas vidas. Não foram mártires, foram homens que estavam fazendo o seu dever.

Hoje, vemos que o mundo não precisa de nossa intervenção, pois ele cuida de si mesmo. Várias espécies foram mortas, mas outras estão aptas agora ao ciclo de vida, nascendo, procriando e morrendo. Gerando muitos descendentes, os quais só poderão sobreviver se estiverem aptos para tal. Pode não ser uma imagem mental muito bonita, mas ninguém disse que o mundo tem que ser bonzinho.

Para maiores informações sobre a erupção do Santa Helena, podem consultar a Wikipédia, mesmo. O artigo deles está muito bom e completo, repleto de referências bibliográficas.


Fonte: Scientific American

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