Homem esfaqueado por seguir os mandamentos de Jesus (só esqueceu um)

Amados irmãos e irmãs, abram suas Bíblias em Mateus 22:39: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. E agora fechem rápido, porque na prática esse versículo vem com rodapé em letra miúda: desde que o próximo não esteja no raio de visão do seu cônjuge. Eu ouvi um amém?

Pois sim, foi assim que terminou o culto em Sorriso, uma cidadeca do MT. Não foi bem com a paz do Senhor, nem com cânticos, mas com uma travessia direta do hinário para a emergência. O irmão de 27 anos saiu da igreja com o coração cheio de fé e voltou para casa envolto do amor de Deus e ódio no olhar da cremosa, tomada pelo Espírito Santo do Ciúme, decidiu que a palavra “glória” naquela noite rimava melhor com “faca”.

Vejam, congregação: o pecado não foi adultério consumado, não foi beijo roubado, não foi nem mensagem suspeita no WhatsApp. O crime foi olhar. Olhar! Um movimento ocular involuntário que, segundo a nova teologia do matrimônio ciumento, já basta para convocar a lâmina sagrada do travesseiro. Meus caros, se olho é pecado, então todos devemos andar de tapa-olho, piratas do Senhor.

O distinto jovem teve uma pequena altercação com a esposa que foi pra cama com uma faca na mesa de cabeceira, algo que deve ser muito comum por lá ao ponto do nosso preclaro irmão não ter dado pela coisa. Lá pela uma da madrugada, TCHAC TCHAC TCHAC a ilibada irmã meteu-lhe a faca, mas acabou só pegando no braço, embora eu pense que o membro tido como alvo fosse outro.

E aqui reside o paradoxo da fé tropicalizada: pregamos o amor ao próximo, mas só até onde o ciúme alcança. Porque, na teoria, amar o próximo é virtude. Na prática, amar demais — ou amar de menos a esposa presente — vira boletim de ocorrência. A assembleia canta “Deus é amor”, mas no lar ecoa o salmo adaptado: “O Senhor é meu pastor, mas a faca está comigo e não terei falta de motivo”.

E quando a polícia chega, irmãos, não encontra revelação divina, encontra um portão trancado com cadeado e uma esposa desaparecida. A verdadeira parábola aqui não é sobre ovelhas desgarradas, mas sobre cônjuges foragidos. E o milagre da noite não foi a multiplicação de pães, mas a multiplicação de pontos de sutura.

Por isso, igreja, prestemos atenção: o culto ensina sobre perdão, mas o lar ensina que até o travesseiro pode virar altar do sangue. O sermão pregava mansidão, mas a cozinha pregava vingança inoxidável. E nós ficamos com a lição que a Bíblia não registrou num único versículo: Ama a teu próximo, mas cuidado quando amar a próxima quando a sua esposa estiver mais próxima ainda.

Aleluia, irmãos!


Fonte: Metrópoles

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