COSTA RICA. Era uma noite calma na Penitenciária de Pococí. A indolente Lua brilhava friamente por sobre os campos, os grilos cantavam, os jabutis uivavam, aquelas plagas tranquilas, serenas, numa daquelas que te fazem pensar “hoje, nada de louco vai acontecer”, quando DE REPENTE, não mais que DE REPENTE, ele vem, ele é pego, ele é identificado: um gato com olhar de quem não tem CPF, mas tem ficha criminal.

UM GATO VAPOR!

PAM! PAM! PAM! PAM! PAM!

Vestido com a audácia de quem já nasceu fora da lei, o felino foi flagrado por um agente penitenciário que, com olhos de águia e coração provavelmente cansado de ver preso tentando esconder celular onde o Sol não bate, notou algo estranho na zona verde. Um gato? De boa? À noite? Com um leve volume suspeito no lombo?

Spoiler: não era barriga de chopp. Era tráfico!

Preso ao corpinho esbelto de Narcomichi – sim, esse foi o nome carinhosamente atribuído pelas redes sociais ao delinquente peludo – estavam dois pacotes com 235 gramas de maconha, quase 68 de pasta de crack e duas folhas de papel, que a essa altura só podem ser ou instruções do chefão do cartel ou um tutorial de como dar cambalhota com droga amarrada.

A captura foi digna de filme: alarme soado, agentes mobilizados, o gato detido sem oferecer resistência – talvez só um arranhão ou um fuzilamento de olhar felino. E, como em todo bom desfecho policial, os entorpecentes foram apreendidos e o criminoso, digo, o gato, foi encaminhado para o SENASA, onde vão verificar se ele está bem de saúde ou se já entrou em colapso de tanto cheirar sua própria carga.

Enquanto isso, os bandidos da penitenciária, provavelmente de olhos arregalados e sem a larica suprida, ficaram sem o “kit recreativo” da semana. E nós, do lado de fora, ficamos com a certeza de que o crime, além de organizado, agora também mia.

Segundo observações absurdamente inventadas de analistas inexistentes, o próximo passo lógico é um esquilo entregando cocaína de skate ou um papagaio avisando: “Polícia! Esconde!”

Narcomichi, apenas mais um menor envolvido, enredeado, pelas artimanhas do tráfico, prova que não há limites para o improviso os comerciantes de pó que passarinho não cheira. Resta saber se, na próxima, ele volta com disfarce de poodle ou com uma tornozeleira eletrônica no rabo.