De onde vem as cegonhas que trazem os bebês?

Você conhece a velha história que cegonhas trazem bebês. Mesmo que você tenha crescido e (espero) deixado de acreditar nisso, elas ainda estão presentes em cartoons, desenhos animados, cartões, produtos infantis e ainda povoam o nosso imaginário. Tudo muito bem, tudo legal, mas, cá pra nós, você nunca parou para pensar o que cegonhas tem a ver com bebês, certo?

Cegonhas são animais muito amigáveis, embora não muito comuns por aqui; ainda assim, elas costumam construir seus ninhos em locais próximos a seres humanos. Em alguns países, as pessoas gostam de convidar cegonhas para suas casas, colocando doces na janela, pois consideram que a cegonha é uma portadora de vida. Mas será essa a relação de cegonhas e a vinda de bebês? Não, é justamente o contrário. As pessoas convidam cegonhas como um ritual para que a família recebe a dádiva de um bebê.

Claro, tem uma história da Mitologia Grega a respeito, e, obviamente, mais uma vez Zeus estava aprontando das suas, para raiva eterna de Hera, sua esposa. Dessa vez, o Deus do Olimpo arrastou sua túnica para Gerana, uma Etíope. Hera ficou possessa e a transformou numa cegonha. Aliás, parece que Hera gostou deste castigo, pois fez o mesmo com Antígona, filha de Laomedonte de Tróia. Voltando a Gerana, as puladas de cerca entre Zeus e ela acabou gerando um bebê. Para fugir da vingança de Hera, Gerana já transformada em cegonha saiu voando com o bebê.

Gostou da história? Pois, é. Apesar de muitos apontarem ser essa a origem do mito da cegonha bebezeira, tem uns probleminhas aí. Os textos em grego apontam que o animal não era uma cegonha, e sim um grou, uma ave comum no norte da África, Europa e até nos EUA. Não foi dessa vez.

Quem sabe os egípcios sejam a fonte deste mito.

No caso do pessoal do Nilo, é uma garça responsável pelo nascimento do mundo. Será que isso pode ter uma relação? Afinal, garças são parecidas com cegonhas… ou não? A verdade é… não, não tem a ver, pois os egípcios não tinham nenhuma história sobre garças trazerem bebês.

Historiadores de todo o mundo concordam que qualquer que seja a base por trás desse mito, o conceito se enraizou inicialmente no norte da Europa, e a ligação é com o paganismo europeu quando o Cristianismo, mesmo que tendo sido oficializado como religião oficial do Império Romano, ainda engatinhava. O paganismo era a religião predominante, mas ele era descentralizado, com divindades e festejos diferentes de vila para vila, aldeia para aldeia.

Normalmente, os jovens se casavam durante o verão, pois a estação costumava ser associada à fertilidade do homem e da mulher, além de outros festejos, ligando com o Solstício, o dia mais longo do ano. Sabem quem andava por esses recantos nessa época? Cegonhas! O motivo é que elas aproveitam esse tempo para migrar da Europa para a África. Sabem quando elas retornavam? Nove meses depois. Preciso dizer qual a ligação que o pessoal fazia?

A associação entre cegonhas e bebês tornou-se tão forte que as pessoas começaram a esperar o nascimento de um recém-nascido se uma cegonha fosse vista fazendo ninho no telhado da casa do casal.

Por causa dessas histórias, um certo escritor escreveu um livro chamado “The Storks” (As Cegonhas), no qual ele definiu as cegonhas como um pássaro diretamente conectado à vida e ao nascimento, sendo apenas um conto de fantasia em que as cegonhas entregavam bebês aos casais, mas que isso povoou o imaginário popular por muito tempo. O nome do autor é Hans Christian Andersen.

Esse livro fez um imenso favor aos pais. Estamos no século XIX, vocês sabem, e Educação Sexual era praticamente inexistente. Esse conto socorreu os pais na hora daquela perguntinha desconcertante para a época: “De onde vêm os bebês?”. A resposta ficou na ponta da língua: Papai e mamãe se casam e uma cegonha traz de presente um lindo bebezinho. Fim, the end.

Eu particularmente não ouço essa história entre as crianças faz anos. Não sei se continuam. Talvez sim, talvez não. Provavelmente, mandam um “perguntem para sua mãe” ou nem isso. Mais fácil deixar na ignorância, embora tenha muitos livros infantis explicando.

De qualquer forma, é interessante a origem dos mitos e como eles acabaram ganhando um lugarzinho na nossa formação cultural.

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