Eu estou aqui em casa fazendo uma relação dos artigos que mais gostei desse ano. Eu sempre posto uma relação. Um dos motivos é pra eu me relembrar e outra para que vocês, caso não tenham visto, terem uma segunda chance. Não apenas isso, é uma forma de eu encher linguiça (ou o site) com algo enquanto estou de férias.
Não estou gostando do que estou vendo.
Eu acho que estou caindo de qualidade. Coloquei alguns artigos especiais, mas, de alguma forma, há algo de errado. Não estou gostando. Estou virando um resumão de notícias de pesquisas. Alguma informação, o link da pesquisa. Mas só. Parece pouco. Não sei direito o que está havendo.
Hoje é dia 22, e estamos no final do ano, embora ainda tenha 9 dias para o término. Eu acho que regredi nestes longos meses. Não tenho nem mais disposição de gravar e editar vídeos. Estou apenas traduzindo o que os outros fazem. Eu desisti por tanto levar na cabeça do YouTube, somado à baixa visitação. Sinto meu corpo e meu blog se fossilizando. Eu era um tiranossauro, mas o tempo está cobrando seu preço? Talvez sim.
Não tenho sentido vontade de escrever aos sábados e domingos. Acho que é o peso da idade. A minha, do meu blog e da minha divulgação científica que já tem mais de 20 anos. Para quem escrevo? Não sei mais. Para quem estou escrevendo agora? Para mim mesmo.
Alguns terapeutas dizem para que nós escrevamos cartas para nós mesmos e coloquemos lá o que nos incomoda. Eu não farei isso, pois, demoraria muito e não faria diferença. E só de dizer que não fará diferença já fica mostrado o desânimo. Antes eu escrevia porque me divertia. Agora, já nem tanto. Faça da sua diversão um trabalho e você não se divertirá mais. Acho que é assim que estou sentindo.
Eu gostei de pesquisar sobre os pombos, mas é uma diversão que veio e se foi. Eu poderia fazer outras pesquisas, mas aquela demorou muitas semanas, nos meus tempos de folga, e isso porque eu tinha o “dever” de postar todos os dias.
Vi transformarem a divulgação científica em clubinho. Likes, views, likes, retweets, likes, views. Mas com pouca informação. Ainda assim, ganham mais notoriedade. Eu sou apenas o cara que coloca a informação que ninguém pediu, sem comprar briga com terraplanista, pois é essa a modinha: arrumar um idiota fraco e ficar batendo nele, e, com isso, divulgar este imbecil. É mais ou menos como aconteceu com a corrida presidencial. No fim: um idiota ganha. Outros idiotas perdem. Os idiotas que perdem continuam divulgando o idiota que ganhou, transformando o país num repositório de retardo mental.
Eu só estou aqui para dizer que descobriram novos tratamentos, mas isso não interessa. Talvez parte seja erro meu. Eu deveria colocar mais artigos de opinião, mas é tudo muito enfadonho. Acho que coloco mais opiniões no Twitter, mas não é lá bem o lugar. Ainda assim, lá tenho mais retorno.
A Era dos Blogs veio e se foi. Eu ainda estou aqui, com meus bracinhos de Tiranossauro. Sinto a permineralização começando nos meus tecidos. Os tecidos enrijecendo, e a matéria orgânica dando lugar a minerais, ficando apenas uma assinatura do que eu fui um dia.
Mas quer saber? Não, eu não sou um tiranossauro. Eu sou uma serpente, e daquelas bem perversas, daquelas que não vai cair de pé, porque serpentes não caem. E se for das que caem, serei daquelas que saem voando para morder o primeiro desavisado idiota que cisme em falar alguma bobagem.
Não, eu não vou ser extinto passivamente. E se você não quer ler o meu blog e nem quer retuitar porque é um maldito covarde, eu não dou a mínima. Ah, vai chorar porque eu ofendi? Eu estava aqui antes de vocês chegar e continuarei aqui depois que você partir.
Não, eu não serei um dinossauro fossilizado. Parei um pouco para pensar enquanto escrevia isso aqui. Sim, eu sou uma serpente. Daquelas que mesmo que estejam nas últimas, sendo fossilizada, guardará para a posteridade o meu último suspiro enquanto estarei devorando um dinossauro.
Danem-se vocês. Eu ainda continuarei aqui, e fazendo o que faço melhor. 2020, tu que me aguarde!