Em termos de escala evolutiva, esponjas são os animais menos evoluídos que existem na Terra, mas estão acima dos comentaristas de portais de notícias. Desde sempre, elas são conhecidas e muitas vezes usadas até para você tomar banho, apesar de hoje usarmos esponjas sintéticas, oriundas de materiais obtidos com o petróleo; petróleo este que se derramado causa grandes impactos ambientais e ninguém quer um manchão de óleo em suas praias.
Atualmente, usamos sistemas absorventes de óleo, que nem os que foram usados para deter a lama que vinha pelo leito do rio e foi parar no mar, graças à incompetência da Samarco. Focando-nos apenas no petróleo, sempre é bom desenvolver algum sistema que absorva melhor a imundície, antes que mande o ecossistema pra vala. A chave é estudar as estruturas internas das esponjas (o bicho) para fazer esponjas (o material) mais eficientes.
O dr. Javier Pinto Sanz é especializado em nanotecnologia e trabalha com ciência dos materiais no Istituto Italiano di Tecnologia. Traduzindo: é um instituto de tecnologia que fica na Itália. O dr. Pinto gosta de coisas pequenas, como vocês podem perceber. Ele estuda em como limpar o petróleo nos derramamentos. O dr. Pinto não gosta das coisas oleosas por aí.
Ele sabe que tem muitos materiais absorventes, e foi aí que o dr. Pinto chegou bem perto de coisas macias e antigas, como esponjas, por exemplo. Sabendo que esponjas (o animal porífero) não possuem sangue e se alimentam com o fluxo de água passando por dentro delas, Pinto resolver ver como era a estrutura interna e se podia fazer algo com aquilo.
O que foi descoberto é que existe uma estrutura interligada dentro das esponjas. Um espécie de retículo que ajuda a água a fluir. Passou pela cabeça do dr. Pinto por que não usar isso para projetar modelos artificiais com esse grau de eficiência. Normalmente, a técnica que se usa atualmente se baseia em espalhar barras com material absorvente para que ela chupe o petróleo. Mas o dr. Pinto acha que esse negócio de chupar não é legal, nem eficiente.
A ideia dele era construir um sistema com disposição interna eficiente como o das esponjas, de forma com que o petróleo fluísse naturalmente, dando tempo das paredes do material absorverem o leite, digo, o petróleo derramado, sem precisar gastar tanta energia bombeando-o. Para isso, era necessário entender as principais características das esponjas.

Testes experimentais mostraram que Pinto estava certo. Fazendo estruturas altamente porosas, abertas interligadas, com poros de tamanhos de cerca de 500 micrometros, ficou demonstrado que podia-se conseguir uma absorção de petróleo na proporção de 30 gramas de petróleo para 1 g de poliuretano com as especificações criadas por Javier.
A meta do dr. Javier Pinto é compreender a totalidade de como o processo funciona, para otimizá-lo ainda mais, usando outros materiais e construindo uma rede interna que seja mais eficiente do que a natural. O dr. Pinto está tão radiante com isso que publicou seu trabalho no periódico Journal of Physics D: Applied Physics.

( ?° ?? ?°)
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Hahaha!! Quem disse que não é possível informar-se com conteúdo relevante recheado com uma dose de humor? Obrigado pelo conteúdo André!!
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