Dependência química é algo sério e gera controvérsias. De um lado, gente que acha que eles alimentam o tráfico (e isso antes das antológicas frases do Cap. Nascimento) e, por isso, merecem ir em cana também. Do outro, gente que acha que essas criaturinhas sensíveis são o reflexo de nossa sociedade doentia e merecem todo amor, carinho e atenção. Um doce para quem adivinhar para qual lado eu estou inclinado.
Uma ONG norte-americana meteu a colher de pau e deu a brilhante ideia de financiar cirurgias de esterilização em dependentes químicos. Em outras palavras, eles vão dar uma grana a qualquer viciado que resolver passar por uma cirurgia para inibir a produção de filhos no futuro. Na Inglaterra isto está gerando polêmica e um primeiro voluntário já embolsou a grana ao ter aceitado fazer vasectomia. Até que ponto isso é válido?
O mundo não é só preto e branco. Possui tons de cinza também e nada é tão simples quanto à primeira vista. Se simplesmente olharmos de relance e apenas escutarmos a proposta inicial da ONG Project Prevention, concordaremos que seguindo por este passo, teremos a prevenção de crianças nascendo com problemas de saúde decorrentes do uso de entorpecentes por parte dos pais. Ficaremos abanando a cabeça e diremos: “Beleza, isso aí! Corta o saco dele!”; mas uma reflexão mais profunda mostra como isso é perigoso. Com que direito temos de escolher quem pode ou quem não pode ter filhos? Ok, o sujeito mete o focinho no pó, enquanto a namorada hiponga come heroína com sucrilhos Kellogg’s. Depois, ela (por algum milagre divino) fica grávida, mediante ordens bíblicas (me refiro à parte de “crescer e multiplicar” e não sobre comer heroína com sucrilhos). Como aborto é algo fora de questão, pois G-zuis não gosta, vem ao mundo uma criança que poderá ter sérios problemas de saúde, muitas delas já com dependência química (sim, alguns bebês nascem viciados). Assim, seria certo exigirmos ou apenas estimularmos (por livre e espontânea pressão) que papi e mami se submetam a uma cirurgia de esterilização? Não estaríamos numa forma de eugenia? Não há uma resposta clara quanto a isso, pois há muitos fatores envolvidos.
Segundo dados da própria Project Prevention, mais de três mil dependentes químicos já tiveram seus problemas a respeito de hereditariedade futura, onde cada um recebeu cerca de US$ 300 por pessoa em anticoncepcionais e tratamento de esterilização nos EUA. Agora o pessoal resolveu exportar seu know how para a Inglaterra, onde há uma severa resistência de outras entidades britânicas, as quais chamam a “ideia” da referida ONG de “farsa” e “nazista” (Godwin? Tamos aí!). Não obstante, isso não foi empecilho para um dependente químico da cidade de Leicester ser a primeira pessoa na Inglaterra a aceitar dinheiro para se submeter a uma vasectomia.
Ao ser questionada se isso seria uma forma de suborno, a fundadora do Project Prevention, a americana Barbara Harris, disse que “o dinheiro motiva as pessoas. É uma forma de suborno, sim”, mas que esta é a única forma de impedir que bebês sofram danos físicos e mentais como consequência do uso de drogas por seus pais. enquanto isso, o presidente da Addaction, Simon Antrobus, disse que se por um lado ninguém deseja ver crianças sendo criadas em ambientes onde há consumo de drogas, não existe lugar para o Project Prevention na Grã-Bretanha, pois o projeto “explora pessoas muito vulneráveis que são dependentes de drogas e álcool, provavelmente no pior momento de suas vidas”. Creio que isso não difere muito em mandar Bíblias para soterrados ou pessoas que perderam casas em desastres naturais, mas é mais eficaz.
De uma forma ou de outra, isso levanta questões diversas em várias pessoas, onde até mesmo o clero não concorda entre si. Se por um lado uns veem isso como uma boa alternativa para ajudar viciados a concentrarem-se em suas próprias vidas, evitando de trazer ao mundo crianças doentes, outros torcem o nariz dizendo que o método é desonesto. Barbara reage a estes últimos dando uma espetada ao dizer: “Se você acredita que essas mulheres têm o direito de ter filhos, então dê um passo à frente e adote o primeiro bebê a nascer”.
Aquele que não tiver pecado, que segure a primeira batata quente.
Fonte: BBC Brasil

O fator de certos genes causarem uma certa “predisposição” ao vício nem é mencionado né? Desse modo teríamos um diminuição (números ???? ), a longo prazo, da quantidade de viciados nesse países.
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@marcelusmedius
Será? Além da genética, também tem o ambiente, sendo que ainda que se diminua os filhos desses dependentes de drogas, nem por isso se acaba com o ambiente no qual ocorre o uso do entorpecente.
Pode ter efeitos, mas a medida solitariamente terá pouco efeito.
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HAHAHA Coisas extrapolada e idiota só poderia vir de um país extrapolado e idiota.
A pesquisa deles é embasada em teoria de “talvez …”, la é bem simples um idiota fazer uma ong e sair castrando todos os cachorros com medo de ter mais vira lata, usando ossinho para atraí-los e o governo adora isso.
O bom de ter os USA é que cada bobeira que eles aprontam servem pra gente rir do “primeiro” mundo que são.
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@Claudinei.Machado
O que acho é que como não sabem o que fazer, fazem o que acha que pode ajudar.
Se vai causar problema lá na frente, AZAR!
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“Um doce para quem adivinhar para qual lado eu estou inclinado.”
Vou responder cantando….
Tropa de Elite
Osso duro de roer
Pega um pega geral
Também vai pegar você!!!
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Eu acho que é uma proposta válida. Até porque eles oferecem , não obrigam . Se esteriliza quem quer. E vasectomia tem volta.
Eu sempre tive uma idéia mais radical para acabar com a pobreza. Já que não podemos matar os pobres, podemos evitar que eles se multipliquem. :grin: (sim, eu sei que essa idéia é velha) . Mas para evitar a discução para decidir quem deve ou não ser esterelizado , a solução seria fazer vasectomia em todo mundo as 12 anos, e , depois, quem puder pagar a volta, teoricamente vai ter condições de pagar o sustento de um filho.
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@slineu,
Slineu, você tá de brincadeira né?
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@slineu
O problema básico dessa ideia é o fato de que isso não evita DSTs e ainda por cima trás ônus para a reversão.
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@marciel,
Quando voce fala de idéia, voce esta dizendo sobre a idéia inglesa, de esterilizacao de drogados ou da minha de esterelizar todo mundo ? Em todo caso:
1) Creio que estejam mais preocupados com as gestações ( qual o plural de gravidez ? ) desses viciados e com as crianças resultantes delas. Portanto poderia pegar DST até a genitalia viram mingau . E o ônus de reversão já estaria sendo pago adiantado para ele na hora da primeira cirurgia. Se o elemento preferiu trocar o dinheiro por pó/erva/alcool/orégano/etc , foi por própria conta e risco
2) a minha proposta (mesmo que anedótica) é mais voltada com a parte do multiplicai-vos da bíblia. E ônus por ônus, criar um filho é bem mais caro do que uma reversão de vasectomia. E sobre DST, tem tanta gente com herpes e nem sabe (já que em muitos casos ela só se manifesta quando a imunidade está baixa) , talvez com os exames pré-operatórios isso (e outras DSTs) sejam detectadas e tratadas antes da reversão.
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