Superstição pode servir de extrema ajuda quando se acredita nela, revela pesquisa

supersticao.jpgTodos nós conhecemos pessoas que possuem algum amigo (senão, nós próprios) com alguma mania que age como fonte de sorte. São os chamados “amuletos”. Desde pés-de-coelhos, passando por figas, galhinho de arruda, ferraduras, estátuas de corujas ou até da foto da sogra enquanto chupava um limão, amuletos são uma constante presença na história humana, desde os antigos egípcios até o seu vizinho que fica 1 mês dias sem tirar a camisa da seleção (de 1970), para garantir que o Brasil chegue à final da Copa. É meio como promessas. Conheço um que chegou no serviço com um pé com meia e outro sem meia. Indagado o porque daquilo, ele falou que tinha prometido a Deus que se o Flamengo ganhasse, ele andaria assim uma semana inteira (sim, eu sei o que você pensou. Foi a mesma coisa que EU pensei). Eu ainda respondi por causa de que uma entidade (ê-ê) tida como hiperpoderosa estaria se importando se ele andaria com um pé fedido, espalhando chulé por todo o ambiente de trabalho, só por causa de um time ridículo. É tudo questão de fé.

No tocante aos amuletos e outros unga-bungas, as pessoas tendem a achar que tais objetos realmente ajudam, embora devêssemos refletir que se pé-de-coelho desse sorte, os pobres mamíferos não seriam mortos por pedradores. No entanto, uma pesquisa realizada pela Profª Drª. Lysann Damisch – professora assistente do Departamento de Psicologia da Universidade de Colônia, Alemanha – (que por sinal é uma gata e eu, como bom cientista que sou, sei o telefone dela e o e-mail. Bem, não só eu. O Google também sabe) demonstra o porque alguns cobaias voluntários conseguem um êxito melhor quando estão com seus amuletos do que os que estão sem os mesmos.

O estudo, publicado na Psychological Science, descreve o experimento feita pela bela Damisch (será que ela vai passar o dia de amanhã sozinha?). Primeiramente, ela pediu para 51 voluntários fazer um teste de destreza, consistindo basicamente em arranjar 36 esferas em 36 buracos num cubo. Sob o comando “Ao sinal de VAI, você começa” (obviamente, em alemão), as pessoas teriam que executar o procedimento no menor tempo possível. A média foi de 6 minutos. Quando Lysann (EU posso chamar pelo primeiro nome, bando de fracassados!) explicou o jogo e disse em seguida “Eu estarei apertando o polegar”, o que equivalente a “estarei de dedos cruzados”, os voluntários terminaram o procedimento em 3 minutos em média. De minha parte, ela não só ficaria apertando o polegar como também… cahan… continuemos.

Num segundo momento, ela pediu que os ratinhos brancos superdesenvolvidos voluntários entregassem algum amuleto ou objeto que considerassem que desse sorte, alegando que gostaria de tirar umas fotos. Quando foram fazer o procedimento, Lysann disse que infelizmente deixara alguns amuletos no carro, mas estimulou que o pessoal fizesse o procedimento assim mesmo. Como resultado, as pessoas que estavam com seus “patoás” tiveram um desempenho melhor do que os que estavam desprovidos dos mesmos. Como explicar isso? Poderes mágicos? Confluência astral? Manifestação dos poderes divinos?

Pessoas costumam se sentir confiantes quando sabem (ou pensam saber) que algo as estará ajudando. Esse algo pode ser uma ferradura (se isso adiantasse, burro puxaria carroça?), rezas, orações ou a doce ilusão que a irmã o colocará na fita da amiga gostosona. A fé, dessa forma, ajuda no desempenho, pois dá confiança reduzindo os medos interiores e fazendo com que a pessoa dê tudo de si. É uma espécie de Efeito Placebo Comportamental, onde o simples ato de acreditar que vai ter êxito por que o ____________ (escreva o nome do amuleto preferido) está presente. As pessoas, então, utilizam isso como uma forma de muleta psicológica,que não faz correr, mas dá estímulo para pessoa seguir em frente.

Isso pode soar como pessoas incrédulas teriam desempenho inferior, mas não é bem assim. No caso de incrédulos, nos focamos no que realmente queremos (passar num concurso, vencer um jogo ou ter uma noite tórrida de amor com professoras universitárias de sotaque alemão) e investimos em nossas habilidades, treinando, nos esforçando, sendo perseverantes. Não focamos nossos destinos num prato de barro ou boneca vodu (que é pra jacu), e sim em nós. Quando alguém perde seu amuleto, acha que está perdido, pois sem ele não poderá conseguir bom resultado. É uma necessidade comportamental ter este amuleto, mesmo que ele seja tão útil quando ir com uma cabeça de galinha recém-abatida amarrada no pescoço.

O ensaio de Damisch demonstrou uma coisa que veremos muito nesta Copa do Mundo: Quando temos torcidas, nos desempenhamos melhor, pois isso ajuda a nos sentirmos queridos, o que eleva nosso moral e nos dá confiança que realmente podemos ter um excelente desempenho. E, convenhamos, isso é melhor que andar com um pé com meia e outro pé sem meia. Pelo menos, não fede tanto.

9 comentários em “Superstição pode servir de extrema ajuda quando se acredita nela, revela pesquisa

  1. Isso é algo muito comum, na minha familia o pessoal tem muita superstição ao assitir jogos de futebol (Corinthians), quando os adversarios estão com a bola fazem “figas” com a mão esquerda rsss, dou muita risada, pois isso NUNCA irá influenciar em nada. Pior que é uma coisa “tão natural” que vejo meus irmãos mais novos primos fazendo igual, eu mesmo antigamente tinha esse costume, que vem automaticamente, pois isso parece que se agrega automaticamente, até que parei para pensar que idiotice eu esta fazendo. :grin:

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  2. Ótima matéria, melhor ainda por conter o link para as fotos da cientista responsável… ahhh, Europa… :lol:

    E realmente, lá em casa nenhum dos que são torcedores fanáticos de futebol assiste algum jogo sem a presença de uma figa em cima do aparelho televisor. O que ao contrário das que foram testadas nessa pesquisa, que serve pra melhorar coisa alguma, quiça a motivaçao dos torcedores.

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      1. @André,
        André não perdoa ninguém. Até essa seria a gata dos sonhos dele.

        E pegando algo relacionado ao assunto, será que existe essa parte alfa do cerébro, mesmo? Forças ocultas… Explosões de adrenalina…

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  3. melhor não confiar muito em imagens de Jesus pra espantar raios…
    “Raio destrói enorme estátua de Jesus” ¬¬
    Não é á toa que o Cristo Redentor tem pára-raios rsrs

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