Outra hipótese para a evolução humana

Capacidade de andar sobre dois membros seria herdada de ancestrais que viviam em árvores

A capacidade de andar apenas sobre os dois membros posteriores, característica que diferencia o homem dos outros primatas, tem sua origem geralmente associada a ancestrais que caminhavam no solo sobre quatro patas. Porém, pesquisadores das universidades de Birmingham e Liverpool (Inglaterra) concluíram que o bipedalismo pode ser herança de antepassados ainda mais antigos e que se moviam em galhos. O grupo levantou a hipótese, apresentada em um artigo da Science, após verificar semelhanças na forma de se locomover de orangotangos selvagens da ilha de Sumatra (Indonésia), que passam a maior parte de sua vida em árvores, e dos humanos.

A hipótese mais aceita para a evolução dos primatas diz que os ancestrais de chimpanzés, gorilas e homens teriam descido das árvores para ocupar o solo utilizando ainda os quatro membros para caminhar. Só então o homem teria passado a usar apenas os membros inferiores nessa tarefa. Porém, ao observarem, por cerca de um ano, a postura e os movimentos dos orangotangos em sua rotina, os cientistas ingleses perceberam que a forma de caminhar do homem tem mais semelhanças com as características desenvolvidas por esses animais para se locomover em galhos finos e irregulares do que com a dos primatas considerados nossos ancestrais diretos.

Segundo os pesquisadores, essa nova teoria para a origem do bipedalismo é reforçada por fatores históricos. Há cerca de 2 ou 3 milhões de anos, os primeiros ancestrais do homem ocupavam florestas, e não terrenos abertos ou de vegetação rasteira. Além disso, os membros inferiores desses antepassados mais remotos se adaptaram rapidamente à vida terrestre, enquanto seus membros superiores continuaram longos, o que facilitaria a locomoção em galhos. “Ambos os fatos são mais coerentes com a origem do bipedalismo em primatas que se locomoviam entre árvores”, diz no artigo uma das realizadoras do estudo, a pesquisadora Susannah Thorpe, da Escola de Biociências da Universidade de Birmingham.

Thorpe explica que nossos ancestrais que habitavam as florestas usavam os braços somente para se balançar entre os galhos, o que lhes trazia inúmeros benefícios. Embora os orangotangos tenham refinado suas habilidades de locomoção com o passar do tempo, o estudo mostrou que o bipedalismo teria permitido que os animais se movessem mais facilmente nos mais variados tipos de galhos, o que não acontece com os quadrúpedes.

A pesquisa sugere que, ao descerem das árvores, devido à mudança de clima que dificultou a vida na floresta, os mais antigos antepassados dos homens mantiveram sua forma de andar e passaram a obter sua comida do chão ou de pequenas árvores. Por sua vez, os ancestrais de chimpanzés, gorilas e outros primatas desenvolveram um modo específico de se locomover, apoiando os membros anteriores no chão, para atravessar de uma árvore para outra.

Segundo os pesquisadores, o estudo fornece motivos para que se deixe de lado a dúvida sobre como o homem se tornou bípede, apesar de ainda não haver provas concretas. “Na diversificação da locomoção, foram os primatas do grupo dos chimpanzés, gorilas e seus ancestrais que inovaram; os homens e seus antepassados conservaram as características.”

Fonte: Ciência Hoje On-Line

8 comentários em “Outra hipótese para a evolução humana

  1. Hahahahah Gostei dessa andré…

    Tipo, eu tenho uma dúvida, pq um governo investiria milhões em pesquisas como essas, se não seria melhor investir nosso pobre dinheirinho em pesquisas de curar paraq doenças, em pesquisas sobre o computador quantico (acabei de ler a matéria)… O que esse tipo de pesquisa pode trazer de conhecimento útil para nós?
    Alguém pode me responder pf…

    http://www.nadanormais.wordpress.com

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  2. Pois é. Antes perguntava-se pq investir em pesquisas sobre o DNA, sobre o desenvolvimento de tecidos para meias femininas, sobre a natureza da luz entre outras coisas.

    E hoje vemos a importância dessas pesquisas.

    A pesquisa em Ciência Pura (sem fins imediatamente “úteis”) não pode ser freada por causa de visões tolas do tipo “o que isso me trará de bom?”. É um imediatismo grosseiro, como dito no livro de Malba Tahan.

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