Violet Jessop: o caso da azarada mais sortuda

Às vezes eu me pego pensando como dois conceitos contrários podem estar intimamente ligados e você sequer sabe onde começa um e termina o outro, ou se ambos vivem juntinhos, ou se não é nada disso. Claro, não sou do tipo que acha que existem bendições ou maldições. Eu chamo de “sorte” ou “azar” ocorrências fortuitas em que as pessoas logram êxito ou caem em tragédia.

Mas no tocante a Violet Jessop, o mundo parece que vira de pernas pro ar e entra num choque contraditório. Não que a Realidade precise fazer sentido; pelo contrário! Como dizia Tom Clancy A ficção precisa fazer sentido, a Realidade, não.

Eu não sei se classifico Violet como uma sortuda ou a mulher de maior pé frio da face da Terra, e quando eu contar a história dela, talvez você fique com a mesma impressão.

Violet Constance Jessop nasceu em 2 de outubro de 1887, em Bahia Blanca, Argentina, e como uma enfermeira teria pouca notoriedade. Nascida em uma família de imigrantes irlandeses, Violet Jessop viveu uma vida repleta de desafios e reviravoltas., mas o que a destacou foram três eventos que marcaram a Humanidade, ainda mais que ela passou por uma série extraordinária de eventos marítimos.

A incrível saga de Violet teve início em 1911, quando ela escapou ilesa da colisão entre o RMS Olympic e o HMS Hawke. Esse incidente foi apenas o prelúdio para o que se tornaria uma história de sobrevivência verdadeiramente incrível. Caso você não saiba, o Olympic era irmão gêmeo do mais famoso dos navios, ainda que esta fama seja funesta: o Titanic.

Aliás, por falar nele, ao embarcar no Titanic em 1912 como enfermeira de primeira classe, Violet testemunhou de perto a tragédia que se desenrolou nas águas geladas do Atlântico Norte. Sobrevivendo ao naufrágio mais famoso da história, Violet encontrou refúgio no bote salva-vidas número 16. Sua habilidade de permanecer calma e resiliente em meio ao caos a tornou uma sobrevivente notável, uma testemunha viva da tragédia que abalou o mundo.

A sorte extraordinária de Violet Jessop, provavelmente herdada dos seus genes irlandeses, no entanto, não se limitou ao Titanic. Após os eventos do Titanic e do Britannic, Violet continuou sua carreira no mar, trabalhando para diversas companhias de navegação ao longo dos anos.

Se bem que se uma vez é tragédia e duas é coincidência, na terceira vez já é para andar com trevo de quatro folhas, figa, fitinha de Senhor do Bonfim, ferradura, crucifixo, estrela de Davi, pé de coelho e sal grosso para tudo que é lado. Motivo? Bem, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Violet serviu como enfermeira a bordo do Britannic, um navio hospital. Em 1916, o Britannic também encontrou seu destino trágico ao atingir uma mina e afundar no Mar Egeu.

Novamente, Violet escapou, desta vez pulando do navio e sendo resgatada por um bote salva-vidas, mas o bote se chocou com o navio e ela caiu no mar, desacordada, até que foi resgatada por outro bote.

A Enfermeira Inafundável não tem apenas uma boa estrela; tem uma constelação inteira! Ela não apenas se transformou em uma sobrevivente notável, mas numa celebridade. A mulher que sobreviveu a três naufrágios foi mencionada em várias obras e ainda hoje faz parte do imaginário popular de diferentes mídias. Infelizmente, entretanto, Violet não teve o que chamamos de uma vida completamente feliz, com um casamento, filhos, the end. A saber, o casamento dela não vingou e ela se separou do marido.

Em 1950, Violet Jessop, a Enfermeira Inafundável aposentou-se em Great Ashfield, em Suffolk. Violet faleceu de insuficiência cardíaca no dia 5 de maio de 1971, aos 83 anos de aventura, que eu sinceramente espero nunca passar.

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