Um dos grandes problemas da quantidade enorme de dióxido de carbono no ar é que ele vai pros oceanos. A boa notícia é que CO2 é pouco solúvel em água, e o pouco que se dissolve gera um ácido bem fraco. A má notícia é que isso é totalmente irrelevante dada a imensa quantidade de CO2 emitido, o que efetivamente causa acidez nos oceanos. Ok, seria pior se fosse SO3, mas a parte pior é que a poluição atmosférica também conta com óxidos de enxofre e nitrogênio.
Tomando por base o Golfo do México, pesquisadores estudam a taxa de acidificação das águas marinhas, com grandes quantidades de CO2 se dissolvendo cada vez mais no oceano aberto do referido golfo, com taxas semelhantes às medidas no oceano aberto do Atlântico e Pacífico.
A drª. Katie Shamberger é química (com ela a oração e a paz). Ela trabalha como professora-assistente de Oceanografia Química, do Departamento de Oceanografia da Universidade do Texas. Enquanto ela não está dando tiros no oceano para limpar a água, Katie estuda a acidificação antropogênica do oceano e os impactos da acidificação oceânica em organismos e ecossistemas calcificantes, como recifes de coral tropicais e de profundidade e recifes de ostras.
Shamberger e seu pessoal descobriram que o CO2 está aumentando mais rapidamente nas águas costeiras (na plataforma continental) do Golfo do México em comparação com as águas do oceano aberto, consistente com outros estudos que mostram a acidificação aprimorada nas águas costeiras em comparação com o oceano aberto.
A preocupação é porque vários ecossistemas costeiros economicamente importantes, incluindo recifes de corais, mariscos e outros, são sensíveis à acidificação, que novamente ocorre mais rapidamente nas águas costeiras do que nas águas do oceano aberto no Golfo. Dessa forma, os níveis de dióxido de carbono estão aumentando na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis. O oceano absorve parte desse dióxido de carbono produzido pelo homem, deslocando o equilíbrio: H2O + CO2 –> H2CO3.
Os efeitos da acidificação podem ser vistos desde crustáceos até em fitoplâncton, passando por aos peixes, moluscos e corais, afetando quaisquer tipos de seres vivos marinhos, em que a acidificação continuada tem impacto direto sobre a pesca comercial no Golfo do México, chegando na ordem de US$ 1 bilhão.
A pesquisa publicada no periódico Scientific Reports, cujos dados utilizados estão disponíveis publicamente no banco de dados do Surface Ocean CO2 Atlas (SOCAT), e a publicação está aberta para leitura.
Se eu entendi bem o Golfo do México tá virando uma poça de ácido carbônico salgado. Que merda. =(
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