As crianças sacrificadas em rituais incas parecem ter sido “engordadas” num regime especial que durava cerca de ano, afirma uma nova pesquisa. É o que parecem revelar os cabelos da cabeça e os guardados em pequenas bolsas que acompanharam quatro múmias de crianças em seu túmulo gelado nos Andes.
Segundo os pesquisadores que examinaram as múmias, o cabelo das crianças foi inicialmente cortado um ano antes do sacrifício e depois seis meses antes da matança. E, ao estudar a composição química dos fios de cabelo, é possível estimar qual a dieta das crianças sacrificadas.
De acordo com a equipe liderada por Andrew Wilson, da Universidade de Bradford (Reino Unido), as crianças sacrificadas pelo antigo império peruano passaram a maior parte de sua vida comendo legumes e tubérculos, como batata. No entanto, no último ano de sua vida, sua dieta foi enriquecida com milho – na época, um alimento da elite andina – e proteína, provavelmente oriunda da carne de lhama.
“Com essa mudança surpreendente em suas dietas e o corte simbólico de seus cabelos, parece que eram planejados vários eventos antes do sacrifício, durante os quais o status das crianças era aumentado”, afirmou Wilson em comunicado oficial. “De fato, a contagem regressiva para o sacrifício acontecia num período considerável antes da morte.”
Mudanças nas amostras de cabelo indicam que, durante seus últimos três ou quatro meses de vida, as crianças começavam sua peregrinação para as montanhas, provavelmente a partir de Cuzco, a capital inca. Os pesquisadores não sabem exatamente como as crianças morreram, mas acham que elas receberam cerveja de milho (ou chicha, como dizem os peruanos atuais) e folhas de coca.
“Parece que as crianças eram levadas até o topo da montanha como clímax de um ritual com duração de ano. Eram drogadas e abandonadas para morrer”, afirma Timothy Taylor, co-autor do estudo e também pesquisador da Universidade de Bradford.
Fonte: G1
