Está solitário em Tóquio? Contrate um acompanhante (não esse)

Só no Japão certos conceitos são trazidos à realidade. Imagine que você seja daqueles mais introvertidos, pouco sociáveis, mas deseja ser visto com um amigo. Não sei por que alguém sente a necessidade de ser visto como alguém com um amigo, ainda mais que geral está pouco se fodendo pros que estão em volta, ainda mais no Japão.

Claro, se não se tem um amigo, o que se faz? Aluga um.

Há um homem em Tóquio chamado Shoji Morimoto que ganha a vida em tempo integral sem fazer “nada”, como costumam dizer, mas na verdade ele até faz muito: te segue para onde você for. Por 100 dólares, você terá a satisfação de ter uma companhia silenciosa por 3 horas, e pelo visto isso dá bastante dinheiro.

Shoji tem 40 anos e é formado em Física. Mas imagino que lá no Japão isso signifique que você acabe sendo professor, então, ele resolveu fazer algo mais lucrativo e menos estressante. Em seu Twitter, Shoji colocou na bio: “Vou emprestar alguém (eu) que não faz nada. Estamos sempre aceitando inscrições. A taxa de solicitação é gratuita. Além disso, cobriremos apenas os custos de transporte da Estação Kokubunji e despesas diversas, como alimentos e bebidas (se aplicável). Para pedidos e dúvidas, por favor DM. Não posso fazer nada além de comer, beber e responder a perguntas simples”.

E não venha de história que você não acessa Twitter por causa do bloqueio.

Eu fico pensando como uma pessoa se sente tão solitária que precisa de alguém ao seu lado, mesmo falando pouco, ou quase nada, com o mínimo do mínimo de interação e praticamente se resumindo a seguir por toda a cidade. Shoji é reservado, não dá palpites e se o cliente pensa que vai ter alguém pra conversar, está certo, mas será conversa de mão única, praticamente um monólogo. E assim, Shoji fatura cerca de 80 mil dólares anuais. Eu fico pensando o que estou fazendo da minha vida!

Isso pode até parecer estranho, mas me lembro de entrevistas com garotas de programa nas quais elas disseram que muitos clientes as contratam só para passear ou ir a festas com elas, pois, é sempre legal ir em festas com uma gostosa pendurada. Mas Shoji não está nessa categoria. Sim, as pessoas são estranhas na busca de ter interação social.

Drew Binsky gravou um vídeo alugando Shoji (com um intérprete) e dando um rolê pela cidade. O vídeo está com dublagem em português graças à Eleven Labs, e está melhor que muita dublagem do Discovery ou History Channel.


3 comentários em “Está solitário em Tóquio? Contrate um acompanhante (não esse)

  1. Eu entendo querer companhia pra ir em algum lugar em que não se queira ir sozinho (tipo hospital), mas alugar alguém só pra não estar sozinho num geral? Sai fora.
    Se bem que o moço tá ganhando pra isso, né? Há quem alugue os outros só com encheção de saco.

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