A história do mascote mais amado de uma universidade: Long Boi

Eu acho que todo ambiente deveria ter um mascote vivo. Algo para nos alegrar, inspirar e nos divertir. Ok, talvez inspirar seja alguma forçada de barra, mas a manterei mesmo assim e que o Diabo entorte os calcanhares de quem achar que estou errado. Na universidade em que eu estudei não havia um mascote, mas isso porque eu não estudei na Universidade de York (a da Inglaterra, não a “Nova”). Lá, sim, eles tinham um mascote em carne e osso que perambulava pelo Campus. Seu nome era Long Boi, o pato.

Não se sabe direito as origens de Long Boi. O que se sabe é que lá pelos idos de 2018 ele apareceu e foi acolhido. Os estudantes, notando sua dificuldade inicial em se integrar com os outros patos, começaram a alimentá-lo, demonstrando que às vezes pequenos atos de bondade podem fazer toda a diferença. Long Boi se sentiu amado, se sentiu como um dos estudantes que estavam longe de casa.

Nosso amigo emplumado era um pato extraordinário, talvez por seus impressionantes 70 cm de altura, talvez por ser amigo de todos. Ele não era apenas um pato alto; era um símbolo de aceitação e pertencimento. Depois de abandonado, ele ganhou uma família, e todos eram sua família, desde o mais atrapalhado dos estudantes, seja os mais sisudos professores até a reitoria.

Long Boi era, provavelmente, um cruzamento entre um pato indian runner e um mallard, mas ele não era apenas um cruzamento de raças, ele era o maior amigo de todos; ele não apenas se adaptou à vida no campus como se tornou sua alma mais querida. Estabeleceu-se próximo ao lago Heslington Fish Pond, ao lado do Derwent College, onde formou seu próprio grupo de amigos peculiares, incluindo Chonky Boi, um pato indian runner menor, algumas fêmeas mallard e Fancy Boi, um pato mandarim.

Sua fama explodiu quando um post no Reddit o apresentou erroneamente como o “maior pato mallard já registrado”. Embora a informação não fosse precisa, ela catapultou Long Boi à fama internacional. Logo, ele estava sendo mencionado por James Corden em seu talk show e recebendo elogios do jogador de futebol Peter Crouch. Sua conta no Instagram, administrada pela estudante de biologia Zoe Duffin, ganhou mais de 16 mil seguidores em menos de 24 horas.

Long Boi transcendeu seu status de simples mascote não-oficial para se tornar parte integral da identidade da universidade. Sua presença era celebrada em palestras de boas-vindas e cerimônias de formatura, nas quais pequenos bonecos de pelúcia com sua imagem eram dados aos formandos. Ele inspirou a criação da Long Boi Society, uma sociedade estudantil dedicada ao estudo de aves aquáticas, e sua imagem até mesmo foi eternizada em uma tatuagem por um estudante entusiasta. A Universidade de York ainda mantém uma página em seu site homenageando Long Boi.

@uniofyork

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Quando Long Boi desapareceu em abril de 2023, foi uma comoção. A comunidade universitária sentiu sua ausência profundamente e a notícia de sua provável morte em maio do mesmo ano provocou uma onda de tristeza que se estendeu muito além dos limites do campus. A resposta da comunidade foi tocante: uma campanha de arrecadação para criar um memorial apropriado superou todas as expectativas, levantando £5.500 para uma estátua de bronze.

Em 26 de setembro de 2024, em uma cerimônia emocionante transmitida pela BBC Radio 1 e conduzida por Greg James, Long Boi recebeu sua homenagem final: uma estátua de bronze que agora adorna o campus. O evento, que incluiu um minuto de “quacks” em sua memória e apresentações musicais comoventes, foi um testemunho do impacto duradouro que este pato extraordinário teve em tantas vidas.

Long Boi nos ensinou que mesmo as pequenas grandes criaturas podem unir pessoas e criar comunidade. Sua história é um lembrete de que o extraordinário pode ser encontrado nos lugares mais comuns, e que bondade e aceitação podem transformar um estranho em um ícone amado, mesmo que uma ave. Embora não esteja mais fisicamente presente no campus de York, seu legado continua vivo através das histórias, memórias e, agora, através de sua estátua de bronze, lembrando a todos que passam que às vezes os heróis mais improváveis têm as pernas mais longas e os corações mais calorosos.

Jeremy Corbyn talvez tenha capturado melhor o sentimento geral quando expressou suas condolências à comunidade estudantil, demonstrando que o impacto de Long Boi transcendeu as fronteiras do campus para tocar corações em todo o Reino Unido. De um simples pato abandonado a um símbolo duradouro de amor e comunidade, Long Boi provou que grandeza não se mede apenas em centímetros, mas no número de vidas que você toca e nos sorrisos que você inspira.


Agradecimentos à Lise por ter me trazido esta história. Eu achei que ela merecia ser contada.

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