Grãos de pólen lembram daquilo que esquecemos

Se você está espirrando muito nos últimos dias, pode culpar as plantas. Todo ano elas liberam uma chuva invisível de grãos de pólen — partículas minúsculas que são, basicamente, o “DNA ambulante” da reprodução vegetal. Para quem tem alergia, é uma tortura. Para os cientistas, uma dádiva, e isso porque o pólen é muito mais do que um gatilho de espirros. Ele é um registro microscópico do mundo como ele já foi. Cada grão tem uma casca resistente que o protege por eras — até mesmo milhões de anos. E quando ficam enterrados no fundo de lagos, rios ou oceanos, esses grãos viram fósseis que contam com detalhes como era o ambiente, a vegetação e até o que andavam fazendo os seres humanos por ali.

Essa é a missão dos palinólogos: cientistas que investigam esses arquivos microscópicos da história da Terra. E o que eles já descobriram com a ajuda do pólen é de fazer qualquer um repensar aquela crise alérgica de primavera. Continuar lendo “Grãos de pólen lembram daquilo que esquecemos”

A mais antiga cratera encontrada

Está lá você, acordando de manhã e talz. Daí – PUMBA! – descobrir que seu quintal é, na verdade, o cenário de um evento cósmico cataclísmico de bilhões de anos atrás. Isso porque um pedregulhão veio viajando a uma velocidade estonteante de 36 mil km/h, colidiu com a Terra primitiva há 3,5 bilhões de anos, gerando um evento cataclísmico. Você ficaria sem palavras, certo? Foi mais ou menos isso que aconteceu com um grupo de pesquisadores da Universidade Curtin, na Austrália, quando encontraram evidências da cratera de impacto de meteorito mais antiga já registrada na Terra.

Essa descoberta, feita no Domo do Polo Norte (não aquele cheio de neve, mas uma região quente da Pilbara, na Austrália Ocidental), e pela data mencionada acima, isso significa que essa cratera é mais antiga do que qualquer outra conhecida – a que detinha o recorde anterior tinha “apenas” 2,2 bilhões de anos. Continuar lendo “A mais antiga cratera encontrada”

Aguaceiro Mundial: quando choveu por 2 milhões de anos

O viajante foi muito longe dessa vez. Ele está olhando o evento. Ele presencia algo e esse algo ditará consequências incríveis. Caiu uma gota sobre o viajante, e esta gota escorre pela sua roupa de proteção. O viajante sabe o que vai acontecer, ele estudou sobre isso antes, mas não antes de acontecer; ele estudou muitos milhões de anos depois de acontecer. Este homem não é apenas um viajante que cruza distâncias, e sim um viajante que cruza as Eras. É um Viajante do Tempo. Continuar lendo “Aguaceiro Mundial: quando choveu por 2 milhões de anos”

O asteroide jardineiro

Imagine um pedregulhão do mal do tamanho de quatro vezes o Monte Everest colidindo com a Terra. Ok, você já viu vários filmes sobre isso e sempre dá ruim. Obviamente, se você for tipo a Maria Porcão, você ia emendar logo como isso seria bom para você. Sim, pior que até pode ser bom. No caso de hoje veremos como o impacto do meteorito S2, não só moldou a superfície do nosso planeta, mas também desempenhou um papel crucial na evolução da vida: ele praticamente serviu de um enorme, gigantesco, cataclísmico jardineiro. Continuar lendo “O asteroide jardineiro”

Extinções em Massa

A vida é um fenômeno raro, raríssimo. Alguns acham que dada a vastidão do universo, deve ser grande a possibilidade de haver vida, o que faz sentido. O problema é que a Vida é um problema sério em seu surgimento: qualquer evento pode limar tudo de uma vez por todas, e quase deu o pior aqui na Terra. Nós chamamos estes eventos de Extinção em Massa, e é quando a larguíssima maioria dos seres vivos do planeta é simplesmente mandada pra vala evolutiva, e ao longo dos 4,6 bilhões de anos da história da Terra, houve cinco grandes eventos de extinção em massa que aniquilaram a esmagadora maioria das espécies que viviam em cada época. Continuar lendo “Extinções em Massa”

Como era a sua casa antigamente

Você está aí sentado no recesso do seu lar e obviamente nunca se perguntou como era o lugar onde você mera há alguns milhares ou mesmo milhões de ano no passado. Eu entendo, eu também tenho coisa melhor pra fazer, mas ainda assim eu gosto de saber das coisas.

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Esporos fofoqueiros contam o que andou rolando na Extinção do Triássico

Há 200 milhões de anos, deu muito ruim no planeta Terra (não que isso seja novidade ou exclusividade. Houve outras extinções em massa. Essa foi apenas mais uma num mundo perfeito, projetado por um desenhista inteligente). A Extinção do Triássico-Jurássico foi uma extinção das mais severas, intensas e das que abalaram geral, quase limando toda a vida na Terra.

Ainda não se tem certeza de como isso aconteceu. Das várias hipóteses, a que mais se aproxima do que ocorreu é a que defende que houve um festival de erupções vulcânicas em escala colossal, já que elas teriam liberado quantidades godzilianas de dióxido de carbono e dióxido de enxofre que teriam feito o favor de causar um aquecimento global sem precedentes. Só que novos dados fornecidos por esporos de samambaia sugerem que pode não ter sido só isso.

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LEVANTA-TE E ANDA: Fóssil ganha exoesqueleto para cientistas estudarem seus movimentos

Eu procuro sempre dar uma assuntada nos periódicos científicos, sites de universidades e institutos de pesquisa para saber o que anda rolando e trazer para vocês. Claro, para pesquisas internacionais. Universidade brasileira não faz divulgação científica. Talvez para ninguém saber da Ciência Salame. Eu desisti de pedir a pesquisador para me mandar seus papers para eu ler e divulgar. É a síndrome “é pro Fantástico?”, para depois reclamarem que jornaleiros publicaram tudo errado. Normalmente, eu posto coisas que estão recém-publicadas, na larga maioria das vezes antes dos veículos de informação e de “informação”, com informações certas e detalhes adicionais e alguma observação para elucidar pontos. Então, eu vi um artigo, digo, um vídeo compartilhado pela Reuters do dia 5 de fevereiro, mostrando que cientistas pegaram um fóssil e montaram num robô para saber como ele andava quando era vivo (o fóssil, não o robô). Ao pesquisar a respeito, vi que não era nada disso.

Sim, eu cheguei depois. Vários tinham veiculado, mais notadamente copiando a postagem da Reuters. Mas o que foi descoberto e qual era a pesquisa?

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Sistemas fotossintetizantes são mais velhos do que se imaginava

Você lê Ceticismo.net. Você é informado e sabe sobre como o oxigênio surgiu. Se passou a acompanhar hoje, vou dar uma dica: fui há muito, muito tempo, com o que se tornaria mais tarde as algas azuis, ou cianofíceas. Não, nada de plantas ainda. Elas só apareceriam muito milhões de anos depois. De qualquer forma, sabia-se mais ou menos quando começou a haver fotossíntese, mas isso precisará ser reescrito em breve, já que uma nova pesquisa aponta que já havia organismos fotossintetizantes há 3,6 bilhões de anos, mais ou menos um bilhão de anos antes do que se acreditava até agora.

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Cometa fidamãe quase passa o cerol em todo mundo na Terra há 12 mil anos

Imagine-se você, num dia qualquer, sem maiores preocupações além de não morrer de fome, doenças ou algum predador da mega-fauna vir te pegar. Bem, a sua sorte é que os dinossauros foram pro saco muitos milhões de anos antes, então, você está lá na sua patética vidinha com expectativa de vida de uns 18 anos, e aos 14 já estava pedindo pra morrer. Você estava pensando onde iria arrumar a próxima raiz com sabor horrível para poder comer, antes que Gronk, aquele fidamãe, roubasse sua comida. De repente, um barulho ensurdecedor! Bolas de fogo cruzam os céus e caem bem longe de você, a terra treme e algum tempo depois vem outro som mais ensurdecedor ainda. Imensas labaredas irrompem, tudo ao seu redor está em chamas… gigantescas chamas. O lance é sair correndo o mais rápido possível, pois hoje Darwin não está de bom humor e vai selecionar geral.

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