Gengibre, exorcismo e uma deidade viajante no seu corpo: o kit médico do Japão Medieval

Quando você vai ao médico hoje, existe um acordo tácito sobre o que esperar: exames de sangue, talvez uma receita de antibióticos, no máximo uma recomendação para cortar o glúten. O que definitivamente não está no cardápio é um exorcismo, uma consulta astrológica ou a informação de que você precisa adiar o tratamento porque uma deidade está passeando pela sua coxa esquerda neste dia; mas nem sempre foi assim. E para entender o quão diferente as coisas já foram, precisamos voltar mil anos no tempo e atravessar o planeta até chegar ao Japão do período Heian. Continuar lendo “Gengibre, exorcismo e uma deidade viajante no seu corpo: o kit médico do Japão Medieval”

Jovem faz jovenzice e se perde na montanha. DUAS VEZES EM QUATRO DIAS!!

Tem gente que aprende com os erros. Tem gente que repete os erros. E tem o cidadão chinês de 27 anos que olhou para o Monte Fuji — coberto de neve, fora de temporada, com placas de “Não faça isso, seu animal sem rabo!” — e pensou: “Hm… será que se eu subir de novo com a mesma altitude e o mesmo organismo despreparado, vai dar certo agora?”

Spoiler: não deu. Continuar lendo “Jovem faz jovenzice e se perde na montanha. DUAS VEZES EM QUATRO DIAS!!”

A forças titânicas que moldaram o Japão

O Japão, um arquipélago situado no Círculo de Fogo do Pacífico, é um dos locais mais geologicamente ativos do mundo. Este cinturão de intensa atividade tectônica e vulcânica é responsável por algumas das paisagens mais impressionantes e dinâmicas do planeta, e isso por causa da sua geologia bela, mas catastrófica, marcada por uma complexa interação de placas tectônicas, que não só moldaram suas montanhas e vales, mas também deram origem a uma rica história de atividade vulcânica. Continuar lendo “A forças titânicas que moldaram o Japão”

Está solitário em Tóquio? Contrate um acompanhante (não esse)

Só no Japão certos conceitos são trazidos à realidade. Imagine que você seja daqueles mais introvertidos, pouco sociáveis, mas deseja ser visto com um amigo. Não sei por que alguém sente a necessidade de ser visto como alguém com um amigo, ainda mais que geral está pouco se fodendo pros que estão em volta, ainda mais no Japão.

Claro, se não se tem um amigo, o que se faz? Aluga um. Continuar lendo “Está solitário em Tóquio? Contrate um acompanhante (não esse)”

Deixe que o vinho suba à cabeça na piscina deste SPA

Ah, o Japão. Um dos meus países favoritos, já que sempre sai alguma esquisitice de lá. Deve ser a água de piscinas termais ou de… vinho? Sim, você leu corretamente. Em uma tentativa de combinar o luxo com o lazer, um parque de diversões japonês resolveu dar uma parada com Buda e levou suas atenções para Dionísio, introduzindo uma atração muito inebriante, digamos assim: uma piscina de vinho tinto. Continuar lendo “Deixe que o vinho suba à cabeça na piscina deste SPA”

Quando os antigos japoneses mexiam com a cuca de todo mundo

A modificação craniana, uma prática que envolve a alteração intencional da forma do crânio, como você deve imaginar é um fenômeno fascinante que tem sido observado em várias culturas ao longo da história. Desde a deformação tabular, onde a cabeça é achatada, até a deformação cônica, onde o crânio é moldado em uma forma pontiaguda, essas práticas têm servido como um poderoso indicador de identidade cultural e status social. Continuar lendo “Quando os antigos japoneses mexiam com a cuca de todo mundo”

Tokyo aqui, cara!

Eu sempre posto timelapses de ambientes naturais, mostrando as maravilhas da Natureza. De vez em quando, entretanto, é bom mostrar cenas do que a Humanidade fez, alterando o ambiente e construindo cidades e países. Sim, eu sei, impacto ecológico etc e tal, mas mesmo assim é mágico ver as luzes da cidade brilhando contra o a paisagem noturna, com o ir e vir de pessoas, alheias a que estará agora, neste momento, vendo cenas de Tóquio, capital do Japão.

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Tenha um bichinho de estimação: salamandras gigantes japonesas

Todo mundo quer um bichinho de estimação. Quando eu era criança, pedi pro meu pai um animalzinho para eu brincar e fazer companhia. Ele me perguntou se eu queria um cachorro, um gato ou um periquito (aquário eu tinha e ainda tenho até hoje). Eu disse que não, que queria um escorpião daqueles pretões do deserto. Bem, meu pai não me deu meu bichinho querido, perguntou se eu era maluco e fiquei traumatizado pelo resto da vida.

Japoneses acham que isso é meio Meh! Em um tanque de exposição japonês, um casal feliz está com sua mais recente cria. Não é bem um escorpião modafóca. É um anfíbio: uma salamandra gigante mais feia que a necessidade, mas cheia de amor pra dar.

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Japonês cria robô. Sim, tem tentáculo e terei pesadelos

Japa que é japa não vive sem testar coisas onde nenhum ser humano (normal) jamais esteve. Em termos de robótica, eles sempre andam surpreendendo (ou surpreendendo de forma negativa, casando-se com um game boy). Agora, um cientista da Universidade de Tóquio resolveu radicalizar e criou um robô que parece uma água viva, mas eu acho que eu vi o gatinho robô em outro lugar.

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Eu quero ser japonês

Eu nasci no condado de Armagh, no Ulster (o que normalmente chama-se erroneamente de Irlanda do Norte), no ano de Nosso Senhor de… bem, não interessa. Vim para o Brasil ainda bem pequeno e tenho direito a 3 nacionalidades e provavelmente uma quarta (história muito longa que eu não contarei. Morram de curiosidade!). Sou mais brasileiro que muitos de vocês, desculpem. Falo e escrevo corretamente, sei os hinos (Nacional, da Bandeira etc.) e servi nas Forças Armadas. Tive uma boa formação moral, o que é mais importante que todos os diplomas que eu conquistei. Ainda assim, tenho vergonha de morar aqui, de dizer que sou brasileiro e ver a expressão de reprovação, muitas vezes merecida. Eu queria morar no Japão, ser japonês. O Brasil começou errado e continua errado. Quando na carta de Pero Vaz de Caminha, ao relatar o descobrimento (aka tomada de posse), ele pede favores do Rei aos seus familiares. O corporativismo e nepotismo começaram aí.

A Ciência aprendeu muito com o terremoto e suas consequências. Foram lições amargas, mas foram, pois se nada for aprendido, as pessoas morreram em vão. Ainda assim, muito mais se aprendeu com os japoneses, e não foi em termos de tecnologia de ponta.

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