AmazonFACE: o reality show climático

Nos últimos anos, o noticiário virou um boletim médico do planeta. O paciente, claro, é a Terra: febre alta, desidratação, inflamações generalizadas e um histórico de descuido que beira o suicídio assistido. Ondas de calor, secas prolongadas, enchentes catastróficas e um El Niño cada vez mais atrevido. E, no meio desse caos, paira a pergunta que ninguém quer encarar de frente: até quando a Amazônia vai aguentar?

Enquanto políticos discursam em cúpulas climáticas e empresas anunciam “neutralidade de carbono” com entusiasmo digno de comercial de xampu, um grupo de cientistas resolveu fazer algo mais direto: testar o futuro. Literalmente. Continuar lendo “AmazonFACE: o reality show climático”

Os registros muito antigos do clima zuado do passado

A reconstrução climática do passado é um campo de investigação essencial para compreendermos os padrões climáticos atuais e suas tendências futuras, mas é uma pesquisa ingrata. Como saber o que realmente aconteceu? Anéis de troncos de árvores, vestígios sedimentares e toda sorte de registros que a Natureza está sendo bem sacana em nos esconder. A história climática, um campo interdisciplinar que mescla geografia, meteorologia e historiografia, permite-nos decifrar os impactos do clima sobre as sociedades ao longo dos séculos.

Tomemos como exemplo a Transilvânia (sim, aquela), que atualmente parte da Romênia, mas no século XVI pertencia ao Reino da Hungria. Aquela região era um território estratégico marcado por fenômenos climáticos extremos, emergindo como um estudo de caso revelador sobre as interações entre condições climáticas e transformações sociais. E como sabemos disso? Através dos meus espiões que acham que eu não tenho o que fazer e me mandam notícias de coisas escritas em Húngaro para ficarem rindo da minha cara quando eu tento aprender um pouco desta coisa pavorosa. Continuar lendo “Os registros muito antigos do clima zuado do passado”

Como o clima impactou as civilizações tibetanas

Nos anais da história, a interseção entre mudanças climáticas e desenvolvimento de civilizações oferece uma perspectiva fascinante. Do outro lado do globo, no Planalto Tibetano, um estudo recente revela vínculos surpreendentes entre o clima medieval e as dinâmicas do antigo império tibetano. As descobertas destacam como os padrões climáticos influenciaram não apenas a geografia, mas também o curso da história. Continuar lendo “Como o clima impactou as civilizações tibetanas”

O clima de nossas vidas parte 3

Este é o último (espero que não o derradeiro) vídeo de time lapse mostrando fenômenos atmosféricos. Claro, vai ter outros, mas este é uma coleção, cujo primeiro (que eu postei aqui) subiu pro Tubo há 12 anos! Este vídeo foi filmado entre 2020 e 2022 nas Dolomitas e no sul da Alemanha. Capturar tempestades neste ambiente foi um desafio, mas as imagens são estupendas!

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O clima de nossas vidas parte 2

Este é o segundo vídeo da série. O primeiro foi postado na semana passada. É um timelapse que captura vários instantes de fenômenos atmosféricos. Eu gosto de fenômenos atmosféricos, desde que não seja aquelas aberrações devastadoras, obviamente. É uma das inúmeras formas de contemplarmos a Natureza e como ela interage conosco, nem sempre de maneira calma e tranquila. Ainda assim, vídeos desse tipo são magníficos e eu gosto muito deles.

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O clima de nossas vidas parte 1

Fenômenos atmosféricos, principalmente relacionados ao clima, são incríveis. Não, [serio. Ver chuva e vento é algo muito maneiro. eu, pelo menos, acho. O Sol brilhando entre as nuvens, a água da chuva caindo, o arco-íris que aparece depois. Eu até entendo quando alguém acha que alguma divindade é responsável por aquilo, mas é tão somente geometria e óptica.

Ainda assim, é fantástico de se ver!

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Desocupados que fingem ter poderes premonitórios sobre o tempo agora em casa, de boas

O que mais aparece em reportagens são matérias criticando o Primeiro Energúmeno por não respeitar a ciência e não dar valor aos cientistas. Claro, estão cobertos de razão ao apontar isso. Realmente, deveríamos ter maior zelo pela Ciência. Acho que isso devia ser tão a regra que os próprios jornais deveriam segui-la. Continuar lendo “Desocupados que fingem ter poderes premonitórios sobre o tempo agora em casa, de boas”

Areia, gafanhoto, coronga e brasileiros. 2020 tá ótimo!

Pessoal muito impressionável está tendo ataques de pelanca porque leram que alguns ventos fortes, daqueles bem quentes e intensos, sopraram no deserto do Saara e levantaram areia com tanta força que trouxeram aqui pro Brasil, dando aquela viagem maneira por milhares de quilômetros através do Atlântico.

Todo mundo em estado de alerta, mas . Os fortes ventos quentes sobre o deserto do Saara levantam areia nesta época do ano, assim como costumam levar a poeira por milhares de quilômetros através do Oceano Atlântico para as Américas. Este ano, o pó é o mais denso em meio século, com direito a redução drástica da visibilidade.

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Tem rio de gelo siberiano indo pro mar

As pessoas acham que locais congelados não passam de um blocão de gelo. Não é bem assim, e apesar de grande parte do território da Sibéria estar congelado, tem água naquela região. Nem que seja sob a forma de gelo (eu tinha que fazer esta piadinha!). Mas sim, tem água líquida ali circulando. Água corrente sob a forma de rios que circulam lá por baixo, num imenso fluxo de água constante. Isso, os cientistas sabiam. Mas ainda há algo a ser descoberto lá. Mitos “algos”.

Ao examinar a área desolada de Vavilov, praticamente no Círculo Polar Ártico, pesquisadores observaram pela primeira vez uma rápida perda de gelo de um novo e improvável rio subterrâneo (ou subgelâneo?).

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Geleira derretendo em vídeo, pronta pra servir

Que as geleiras estão em franco derretimento, é de pleno conhecimento de todos (a não ser se você for o Molion, que insiste em dizer que não, apesare de todas as evidências). Novos vídeos de lapso de tempo das geleiras e camadas de gelo da Terra, obtidos por meio de fotos tiradas do espaço, estão fornecendo aos cientistas mais informações sobre a velocidade do processo. Na reunião anual da União Geofísica Americana em San Francisco, pesquisadores divulgaram novas séries imagens do Alasca, Groenlândia e Antártica usando dados de satélites, que ilustram muito bem as mudanças dramáticas das geleiras do Alasca

Usando imagens da missão Landsat, em atividade desde 1972, temos vídeos de time lapse de seis segundos de todas as geleiras do Alasca e do Yukon. Como esses que vocês verão a seguir.

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