Terremoto abala cidade de São Paulo

Por Aziz Nacib Ab`Sáber
Professor emérito da FFLCH/USP
Professor honorário do Instituto de Estudos Avançados/USP

Enquanto estávamos tecendo considerações sobre as razões que explicam a incidência bissexta de mini-terremotos no Planalto Paulistano (Bacia de São Paulo), temos novos acontecimentos: mini-tremores aconteceram em diversas partes do Brasil e, por fim, de novo em São Paulo. A seqüência dos sismos que repercutiram em diversos lugares do país envolveu em 2007 a região de Caraíbas, em Minas Gerais (cidade de Itacarambi).

Depois, a região de São Paulo, envolvendo tremores que provinham de um distante epicentro, situado ao norte do Chile. Em seguida, tremores em Manaus, em pleno centro-ocidental da Bacia Amazônica, tendo por epicentro uma área do distante Caribe.

E, agora, no dia 22 de abril, às nove horas e cinco minutos da noite, o terremoto que afetou a maior parte da Bacia de São Paulo, atemorizando a população paulistana e reconhecido como uma projeção de um epicentro projetado a partir de um embasamento profundo da Bacia de Santos. [Infelizmente, não temos notícias adequadas sobre o terremoto que afetou o setor noroeste de Mato Grosso na borda da Bacia do Pantanal].

Os acontecimentos nos obrigam a pensar que a região de São Paulo, onde uma tectônica dos fins do Terciário, que respondeu pela criação da bacia sedimentar fluvio-lacustre regional, pôde ser ponto de irradiação sísmica de epicentros opósitos capazes de repercutir. Dizem os especialistas que as vibrações ocorridas em fevereiro de 2008, em São Paulo, atingiram 3,9 pontos na escala Richter. E que, as mais recentes (22 de abril de 2008) atingiram 5,2 pontos na mesma escala.

É fantástico que tremores provindos de núcleos tectônicos situados abaixo de águas profundas tenham se projetado por setores da fachada tropical-atlântica do Sudeste brasileiro, até São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, em plena placa Sul-americana. .

Convém relembrar a arquitetos, urbanistas e prefeitos que se deve moderar a altura de elevados edifícios, tanto no litoral quanto nas colinas de bacias semelhantes à de São Paulo e de Curitiba. Todos necessitam conhecer um pouco mais sobre as condições geotectônicas desses compartimentos de planalto, que refletem prioritariamente vibrações sísmicas de diferentes epicentros. Tremores, trovões e ventos amedrontam os moradores de edifícios altos. Chegou a hora de ter maior seriedade na construção de altos espigões e prever os impactos possíveis de diferentes tremores, estacionais eventuais. Atenção, prefeitos da Grande São Paulo!

Terremoto nos Andes afeta arranha-céus da cidade de São Paulo

As repercussões do forte terremoto acontecido nos Andes chilenos, em 14 de novembro – às 11h47 no horário de Brasília – exigem algumas observações mais aprofundadas, sobretudo para entender por que um tremor de terra, de epicentro tão distante, teve conseqüências em alguns grupos de edifícios elevados na cidade de São Paulo. Há anos tínhamos receio de que isso pudesse ocorrer em relação à cidade localizada em uma bacia sedimentar gerada em uma área geotectônica afetada por falhamentos geomorfologicamente contrários nos fins da era terciária (Plioceno). A nosso ver, conhecer o embasamento de uma bacia sedimentar originada por tais processos tectônicos, em um compartimento do Planalto Atlântico paulista, é a condição prévia fundamental para entender as razões dos minitremores que aqui acontecem.

Para quem vive em São Paulo há muitos anos é possível diferenciar os diversos tipos de tremores que acontecem na cidade. Nas áreas onde o construtivismo especulativo resultou em edifícios estreitos e altos, ocorrem vibrações freqüentes do tipo chamado fl ambagens. Este processo pode afetar os andares mais elevados dos prédios estreitos e altos, sobretudo nos momentos de ventanias mais fortes. Outros tipos de estremecimentos, dispersos e corrigíveis, são aqueles que afetam determinados setores de rua. A correção ou melhoria caso a caso depende sempre da prefeitura. Muito pior que esses estremecimentos corrigíveis foi o lamentável caso de explosões subter râneas subsuperficiais feitas por empresas construtoras de linhas do metrô. Por questão de economia e comodidade, algumas empresas autorizaram explosões fortíssimas para atravessar protuberâncias de rochas duras encontradas no eixo dos túneis. Somente quem ouviu as explosões e sentiu suas conseqüências pode avaliar a magnitude delas.

Mais recentemente tremores pontuais passaram a depender da passagem rasante de helicópteros sobre moradias de diferentes tipos, na periferia da cidade. Isso porque foram instalados heliportos em áreas de terrenos baratos, para o acesso mais cômodo de empresários e proprietários às suas fábricas e empresas localizadas em pontos distantes na periferia metropolitana. As autoridades da aviação civil devem tomar medidas punitivas e severas para que sejam evitados esses procedimentos irresponsáveis que envolvem tremores vindos do alto, mais graves que miniterremotos, ainda que pontuais.


Fonte: Scientific American Brasil

2 comentários em “Terremoto abala cidade de São Paulo

  1. Pra mim, o terremoto em Sao Paulo nada mais foi do que um problema causado pela Petrobras. Essa empresa deve estar fazendo explosoes no fundo do mar pra encontrar petroleo e causou esse problema. Como no Brasil tudo termina em pizza e a gente nuca sabe a verdade… fica tudo por isso mesmo. Ate que os predios desabem, ninguem vai tomar providencias de pesquisar isso a fundo.

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