Estudo sobre saúde sexual acusa conservadores e Vaticano

Segundo o relatório, a cada ano, 340 milhões de pessoas são infectadas por gonorréia, sífilis, clamídia, tricomona e outras doenças de transmissão sexual.

Grupos religiosos ultraconservadores e forças políticas direitistas nos Estados Unidos, além de argumentos doutrinais no Vaticano, estão solapando os esforços para melhorar a saúde sexual e reprodutiva no mundo todo, segundo um relatório publicado na revista médica The Lancet.

Especialistas que estudaram os problemas relacionados a doenças transmitidas sexualmente, controle de natalidade e abortos acusam esses “cruzados morais” de comprometer seus esforços, assinala a publicação médica britânica.

“A realidade é que os EUA têm tão enorme influência no mundo todo, e que tudo o que fazem tem um impacto enorme”, afirma a professora Anna Glasier, da Universidade de Edimburgo, co-autora do relatório.

“O problema não é tanto que estejam crescendo as forças conservadoras no mundo todo, mas os países que se tornaram mais conservadores são precisamente os que têm mais influência”, explica Glasier, que também acusa o Vaticano de impedir que se avance mais nessa área.

Segundo o relatório, a cada ano, 340 milhões de pessoas são infectadas por gonorréia, sífilis, clamídia, tricomona e outras doenças de transmissão sexual.

Mais de 120 milhões de casais têm relações sexuais sem proteção contra a vontade, e cerca de 19 milhões de mulheres se submetem a abortos em condições perigosas, o que origina 70 mil mortes que poderiam ser evitadas.

Segundo a pesquisadora britânica, com medidas econômicas, mas eficazes, seria possível superar todos esses problemas se houvesse vontade real de fazê-lo.

Na apresentação do relatório, o diretor da revista científica The Lancet, o médico Richard Horton, afirma que “o sexo, os abortos, o controle da natalidade e as infecções sexualmente transmissíveis – incluindo a aids – são um tema tabu para muitos países, culturas e religiões”.

“Por exemplo, por motivos em boa parte políticos, os EUA bloquearam programas destinados a proteger as mulheres de gestações não desejadas”, assinala.

“Por motivos doutrinais, a Igreja Católica rejeitou técnicas simples e eficazes, que teriam um impacto substancial não só nos índices de fertilidade, mas também nos de desenvolvimento humano”, acrescenta Horton.

Fonte: http://estadao.com.br/ciencia/noticias/2006/nov/01/208.htm

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