
Imagine a cena: é agosto de 1904, você é um fazendeiro norueguês cavoucando o próprio quintal porque… sei lá. Parece que isso é comum por lá. Cartas para a Redação. Bem, o cara lá fuçando o quintal bate a enxada em algo que claramente não era raiz teimosa, nem pedra, nem papel ou tesoura. Era madeira! Madeira muito, muito antiga. Knut Rom, nosso protagonista involuntário desta história, provavelmente teve o mesmo sentimento de quem encontra uma pasta perdida no computador e descobre que ela contém todos os memes raros dos últimos dez anos. Só que, no caso dele, a pasta continha mil anos de história viking condensados em 22 metros de carvalho esculpido que faria qualquer cenógrafo de Game of Thrones ter um ataque de inveja.
Rom havia acabado de descobrir o navio de Oseberg. Continuar lendo “Quando um fazendeiro Norueguês tropeçou na Netflix da Era Viking”





Vikings formaram uma civilização fascinante. Ok, que eles saíam saqueando terras alheias, estupravam as mulheres, pegavam escravos etc. Bem, pessoal admira os gregos e romanos, sendo que estes nunca foram bonzinhos. Vikings não perdem em termos de selvageria em nada para outras civilizações, como o que os espanhóis e portugueses andaram aprontando durante o período das grandes navegações ou o alvorecer do império britânico.
Vikings foram o povo mais badass que eu conheço. Com eles não tinha essa de ser mais ou menos bonzinho pra te ferrar depois, eles já partiam pra porrada. Só que como grandes navegadores, seria inevitável uma troca, ainda que não tenha sido essa sua intenção. Entre elas estava uma família de camundongos, que acabaram sendo os pais de muitas espécies de roedores caseiros que, se dermos sopa, se mudam para nossas casas sem pagar aluguel.
Vikings são um dos povos que mais desperta curiosidade. Desde seus rituais sangrentos durante uma cerimônia fúnebre, segundo o mentiroso Heródoto (o qual pode ter relatado muitas coisas, mas também inventou um monte de besteiras, além de colocar deuses e divindades no meio de acontecimentos que ele sequer presenciou), até o proverbial – e igualmente fantasioso – capacete com chifres, os vikings sempre despertaram mais que a curiosidade, mas até mesmo sensos nacionalistas, chegando ao ponto de servirem de inspiração para Himler, que usou a