Como um vulcão ajudou a causar a Peste Negra

Então que você, meu amigo e minha amiga estão vivendo num recanto da Itália medieval, bela e encantadora; não têm maiores preocupações além de degustar um pão duro e sem se dar conta das invasões mongóis. Nesse momento, de repente, o clima vira contra você, as colheitas morrem, todo mundo começa ir pro beleléu, a fome vem dar “alô” e alguém tem a brilhante ideia de importar grãos da região do Mar Negro. Parece uma solução sensata, não? Exceto que esses grãos vieram acompanhados de pulgas infectadas com Yersinia pestis, a bactéria responsável pela Peste Negra, e pronto: lá se foi 60% da população de algumas regiões europeias entre 1347 e 1353.

Mas aqui está o plot twist que ninguém esperava. Um novo estudo sugere que quem realmente começou essa história toda foi um vulcão. Um vulcão misterioso, tropical, que entrou em erupção por volta de 1345 e decidiu, no melhor estilo vilão discreto, ferrar com o clima europeu sem nem aparecer nos registros históricos diretos. Continuar lendo “Como um vulcão ajudou a causar a Peste Negra”

Artigos da Semana 284

Tá cada dia mais quente, avizinhando o verãozão (prefiro não morrer de calor). Era para eu cuidar de umas cosas em casa, mas preferi ficar refestelado descansando. Então, pensei em vocês e trago aqui o que foi postado durante a semana.

Tá tudo aqui, vou pra soneca da tarde!

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Artigos da Semana 282

E acabou-se o feriadão. Feriadão que eu não aproveitei porque tive a desventura, tristeza e infelicidade daquela prática de “visitar parente”, e o parente nem é meu. Já não bastava ter que dar oi pras visitas, a visita fui eu e tive que dar oi pro pessoal. FML.

Mas não deixei vocês sem artigos. Vejamos o que e postei esta semana, ainda que agendado.

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A mamute de 40 mil anos que virou mensageira molecular da pré-história

Imagina a cena: você morre em uma tempestade de neve na Sibéria há 40 mil anos, ainda jovem, seus músculos contraindo pela última vez antes do frio eterno do permafrost te abraçar como um freezer horizontal gigante. Quarenta milênios depois, um bando de cientistas suecos decide bisbilhotar suas últimas atividades celulares como se fossem detetives moleculares investigando uma cena de crime congelada. Pois é exatamente isso que aconteceu com Yuka, uma mamute pequenina que queria vo… nah, ela só queria brincar, mas deu ruim para ela, e milhares de anos depois, em 2010,  seu corpo foi descoberto no nordeste da Sibéria. Continuar lendo “A mamute de 40 mil anos que virou mensageira molecular da pré-história”

Como dinossauros viraram múmias de 66 milhões de anos

Imagine morrer de sede no meio de um leito de rio seco, seu corpo ficar ali torrando no sol do Cretáceo por uma ou duas semanas, e então – ÇURPRAISE, MODAFÓCA! – uma enchente repentina te enterra sob toneladas de sedimento. Parece o roteiro do tipo Premonição, com aquelas mortes desagradáveis, certo? Pois bem, para alguns sortudos Edmontosaurus annectens, um dinossauro do tamanho de um ônibus e com bico de pato, essa sequência trágica de eventos acabou sendo o bilhete dourado para a imortalidade científica. E agora, 66 milhões de anos depois, paleontólogos da Universidade de Chicago estão usando esses cadáveres mumificados para finalmente responder àquela pergunta que você nunca soube que tinha: como eram realmente os dinossauros quando estavam vivos, com toda sua carne, pele escamosa e… cascos? Continuar lendo “Como dinossauros viraram múmias de 66 milhões de anos”

O chumbo que moldou nossos cérebros

Imagine descobrir que você ganhou uma loteria evolutiva há milhares de anos, e o prêmio foi uma mutação genética que te protege de envenenamento por chumbo enquanto seus primos distantes (os Neandertais, mas eu não precisava dizer, né?) não tiveram a mesma sorte. Agora imagine que essa mutação aparentemente banal pode ser a razão pela qual você está aqui lendo este texto em vez de extinto há 40 mil anos. Bem-vindo ao mais recente plot twist da Evolução Humana, cortesia de um estudo internacional que está reescrevendo nossa compreensão sobre o que nos tornou… bem, nós. Continuar lendo “O chumbo que moldou nossos cérebros”

Quando Chicago era apenas um sonho e o mundo era bem mais interessante

Imagine descobrir que, bem debaixo dos seus pés, existe um universo inteiro congelado no tempo há 300 milhões de anos. Não é ficção científica nem roteiro de filme B, é exatamente o que aconteceu em Illinois, onde cientistas acabam de mapear três ecossistemas completos que existiam quando nosso planeta ainda estava decidindo o que queria ser quando crescesse. E o mais fascinante? Tudo isso estava escondido em rochas que pareciam pedras comuns, mas guardavam segredos como uma biblioteca fossilizada da natureza.

O local em questão é Mazon Creek, uma região que hoje parece tão comum quanto qualquer subúrbio americano, mas que no período Carbonífero era uma espécie de Caribe tropical com pântanos exuberantes, deltas de rios e mares rasos. Basicamente, o paraíso terrestre, só que habitado por criaturas que fariam qualquer filme de terror parecer documentário da National Geographic. Continuar lendo “Quando Chicago era apenas um sonho e o mundo era bem mais interessante”

Grãos de pólen lembram daquilo que esquecemos

Se você está espirrando muito nos últimos dias, pode culpar as plantas. Todo ano elas liberam uma chuva invisível de grãos de pólen — partículas minúsculas que são, basicamente, o “DNA ambulante” da reprodução vegetal. Para quem tem alergia, é uma tortura. Para os cientistas, uma dádiva, e isso porque o pólen é muito mais do que um gatilho de espirros. Ele é um registro microscópico do mundo como ele já foi. Cada grão tem uma casca resistente que o protege por eras — até mesmo milhões de anos. E quando ficam enterrados no fundo de lagos, rios ou oceanos, esses grãos viram fósseis que contam com detalhes como era o ambiente, a vegetação e até o que andavam fazendo os seres humanos por ali.

Essa é a missão dos palinólogos: cientistas que investigam esses arquivos microscópicos da história da Terra. E o que eles já descobriram com a ajuda do pólen é de fazer qualquer um repensar aquela crise alérgica de primavera. Continuar lendo “Grãos de pólen lembram daquilo que esquecemos”

O monstro marinho que respirava pelo rabo tinha 3 olhos e não era australiano

Normalmente, todo tipo de coisa esquisita, maníaca, assassina e prestes a nos matar vem da Austrália, só que a mais recente esquisitice vem do Burgess Shale, no Canadá, onde pesquisadores identificaram um predador marinho de 506 milhões de anos com características nunca antes vistas. A… coisa é tão bizarra que recebeu até um nome em homenagem a Mothra, o insetão kaiju que enfrentou o Godzilla. No caso, esse ser das profundezas também é um artrópode, mas não um inseto.

Continua sendo feio a dar com pau.

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O Formigão Infernal do Passado é a formiga mais antiga já encontrada

Há muito, muito tempo, criaturas esquisitas, bizarras e completamente estranhas caminhavam sobre a terra, mas isso é praticamente o que acontece em toda eleição presidencial. O que estou falando hoje é sobre algo ocorrido há 113 milhões de anos, quando o Brasil já era o país do futuro e um predador minúsculo tocava o terror: a formiga-do-inferno (Vulcanidris cratensis).

Recentemente, pesquisadores encontraram um fóssil dessa espécie no nordeste do Brasil, tornando-se o registro mais antigo de uma formiga já descoberto, tendo muito bem conhecido o Sarney e o Antônio Carlos Magalhães. Continuar lendo “O Formigão Infernal do Passado é a formiga mais antiga já encontrada”