Análise do contexto político quando da criação
O Super-Homem foi criado num período conturbado, às vésperas da II Grande Guerra. Os E.U.A. tinham passado por uma grande crise econômica e a moral do povo não estava em melhor condição.
Tal como na Palestina do século I, eles estavam em dúvida de sua própria identidade, já que a chegada de muitos estrangeiros (italianos, irlandeses entre outros) estava mesclando diferentes culturas com as da América do Norte. A ação de criminosos, mafiosos, políticos corruptos estavam causando não só um enorme caos político como social também. A chegada de uma figura messiânica acabou se tornando, portanto, uma necessidade.
Não é certo que Siegel e Shuster tenham criado o Super-Homem baseado nas escrituras judaicas e nas promessas de um Messias. Afinal, o conceito de Messias refere-se a um líder militar e tal como Jesus, o Super-Homem estava muito longe disso.
Entretanto, o plano de salvação da humanidade do caos absoluto sempre foi algo presente em todas as religiões e no imaginário dos povos. Com isso, as pessoas sempre olhavam pra cima, esperando a chegada de alguém vindo dos Céus, disposto a ajudá-las e se sacrificar em prol delas, caso fosse necessário.
Um dia olharam e viram algo que se parecia com um pássaro… não, um avião… ou será…?
Os americanos sempre se julgaram uma Nação de Deus (o próprio George Bush usou esta expressão), assim como os judeus se auto-proclamam o “povo eleito”. Podemos levar isso em conta que o Super-Homem seja uma expressão do inconsciente coletivo e da cultura norte-americana com raízes judaicas.
O messianismo judaico em nada se diferencia desse conceito, e dele apareceu o mito Cristão afim de dar às pessoas o que elas precisavam: alguém que elas pudessem acreditar que seria o salvador delas. Não importa se o criador e disseminador desse mito fosse o próprio Império Romano em decadência. Pode-se inclusive afirmar que foi a substituição de um império secular por um espiritual, mas que ainda sim mantinha-se forte, usando as esperanças de um povo como arma de dominação e influência política.
Alguns apologetas de péssima índole vêem nisso como uma confirmação das Escrituras, o que é estúpido. Afinal, porque o próprio Jesus não confirmou previsão nenhuma (como foi dito, o Messias seria um líder militar). Então, ver que a história do Super-Homem é semelhante à de Jesus, evidenciando a Promessa Divina é para, no mínimo, cair na gargalhada, pois evidencia um total desconhecimento sobre as figuras heróicas e como elas se relacionam entre si; ou também pode ser prova de uma manifestação de péssimo caráter, criando ligações que não existem, unicamente para reforçar uma opinião própria e que não tem embasamento intelectual nenhum.
Na próxima página estudaremos isso, mediante a Escala de Heróis de Lord Raglan.
