Olhe pra cima e dê tchauzinho
Gaspard-Félix Tournachon nasceu em abril de 1820 em Paris. Ele entrou para a faculdade de Medicina, mas após a morte de seu pai ele ficou sem dinheiro para dar prosseguimento ao curso e acabou indo trabalhar como caricaturista e romancista para vários jornais. Como era de praxe naquela época, se juntou a um grupo de cachaceiros, que hoje chamam de “boêmios”, só para dar uma gourmetizada, mas tanto lá como aqui era um grupo de artistas que gastavam tudo o que ganhavam com cachaça e viviam na pindaíba.
Gaspard-Félix acabou sendo apelidado de Tournadar, que acabaram encurtando para “Nadar”, e foi assim que ele ficou conhecido daí por diante. Do trabalho como caricaturista, passou para a fotografia, tirando suas primeiras fotografias em 1853 e em 1854 abriu um estúdio fotográfico na rue St. Lazare, 113.

Nadar em seu balão. Óbvio que foi tirado num estúdio
Nadar fotografou uma ampla gama de personalidades, desde políticos a artistas de diferentes áreas. Nadar era um artista em seu próprio ramo, e achava que a “industrialização” da fotografia era um pecado. Ele mesmo preparava seu material fotográfico, revelava e cuidava do seu estúdio com zê-lo. Ele não usava decorações suntuosas, pelo contrário! Ele preferia sempre a luz natural e espaços abertos, se bem que pagando bem, que mal tem?
Em 1858, Nadar teve uma ideia. Meteu seu equipamento fotográfico num balão e iniciou a fotografia aérea, capturando as primeiras fotografias de Paris lá de cima, num balão amarrado ao solo que subiu a uma altitude de mais de 400 metros.

Dois anos depois, em 1860, a fotografia aérea chegou aos Estados Unidos por meio de James Wallace Black, que tirou fotografias de um balão de ar quente acima de Boston.

Pois, é. Caxias bem que poderia ter usado esta tecnologia. Talvez até soubesse disso, mas a burocracia e incompetência imperial pode não ter deixado. Não sabemos ao certo!
À medida que a tecnologia fotográfica avançava, apareciam os primeiros filmes em rolo (antes eram chapas fotográficas que eram expostas e depois reveladas), câmeras mais leves e longos disparos de obturador. Com isso, tornou-se possível fixar câmeras em objetos voadores não tripulados, e entre 1887 e 1889, Arthur Batut tirou fotos aéreas do sul da França usando apenas uma pipa, uma câmera e um fusível.
Agora, um que chutou logo o pau da barraca com uma megalomania fantástica foi um camarada chamado George R. Lawrence. Ele gostava de fotos imensas, de preferência, captando panoramas amplos. Ele mesmo projetava as suas próprias câmeras de grande formato e se especializou em vistas aéreas, usando escadas ou torres altas para fotografar de cima. Em 1901, ele teve a ideia de fazer como Nadar e tirar fotografias aéreas de uma gaiola presa a um balão. O problema é que a uma altura de 60 metros sobre Chicago, a gaiola rasgou o balão, e Lawrence e sua câmera caíram lá de cima. Por sorte, fios de telefone e telégrafo interromperam sua queda e ele caiu ileso.

Só para vocês terem uma ideia das câmeras monstro que Lawrence projetava, aqui a que ele batizou de “Mamute”, por algum motivo que me escapa.

Em 1906, Lawrence tirou fotos aéreas de São Francisco após o terremoto e os incêndios que se sucederam. Ele não usou balões pra isso, e sim entre nove e dezessete pipas grandes para levantar uma câmera enorme. E por “enorme”, estamos falando de uma monstruosidade com 22 kg! Lawrence fez algumas das maiores exposições (cerca de 48 x 122 cm) que já foram obtidas de uma plataforma aérea. Sua câmera foi projetada para que a placa de filme se curvasse e a lente adaptada para ser capaz de fornecer imagens panorâmicas. Era este monstro aqui:

Esta câmera fenomenal foi levantada a uma altura de aproximadamente 600 metros de altura e um fio elétrico controlou o obturador para fazer a captura.

O assunto desviou um bocado, você deve estar pensando. Bem, sim e não. O assunto não é apenas técnicas de fotografia aérea, e sim sobre heróis. Como eu comecei a contar sobre pombos e guerras, vamos continuar nesta linha.

Sensacional, não conhecia a história do Cher Ami, mas eu conhecia a história do Vaillant, que aconteceu na batalha de Verdun, durante o cerco do Fort Vaux:
https://www.20minutes.fr/loisirs/4008481-20221111-11-novembre-vaillant-pigeon-heros-grande-guerre
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