Sotillo de la Ribera é um pseudomunicípio localizado na província de Burgos, Espanha. Ele é praticamente um vilarejo com a ridícula taxa populacional de 598 habitantes, praticamente um condomínio na Barra da Tijuca (embora alguns tenham uma população maior que isso). Nesse lugar legal que nem eu nem você queremos morar tem uma igreja chamada Santa Águeda. Lá, há muitas peças bem antigas, já que a própria igreja é do século XV. Nela, há uma estátua de Jesus Cristo del Miserere, feita de madeira, datando do século XVIII. Miserere é uma palavra latina porque nesta cidade há uma tradição de cantar o Miserere nas sextas-feiras, que nada mais é que o Salmo 50. Esta action figure estatueta de Jesus sai em procissão na Semana Santa e percorre o vilarejo.

Claro, tudo depois de muitas décadas precisa de restauração, ainda mais se tiver séculos de idade. Só que ao ir ser restaurado, os técnicos encontraram manuscritos escondidos numa cavidade nas nádegas de Jesus. Algum um tanto infame para uma figura muito importante do Cristianismo, se me permitem opinar.

A escultura (sim, esta aqui em cima. Achou que era outra?) está sendo restaurada em Madrid por Da Vinci Restauro. Os restauradores tiraram este manuscrito da bunda de Jesus.

O manuscrito é praticamente uma cápsula do tempo. São duas folhas com informações econômicas, religiosas, políticas e culturais da época. Os documentos foram datados como sendo de 1777 e assinado pelo capelão da catedral do Burgo de Osma, Joaquín Mínguez, que identifica o escultor-autor da escultura, mas também aproveita para se comunicar com o futuro. Esta maravilha de documento foi escrita com uma escrita cuidadosa, em que foram escritas os dois lados de cada folha.

Os restauradores ficaram impressionados. Não porque tinha uma cavidade retrofuricular na estátua. Normalmente, elas eram ocas*, mesmo, para economizar material. Entretanto, ter manuscritos no seu interior é algo um tanto novo.

*A propósito, o termo “Santo do Pau Oco”, designando um indivíduo falso, vem do fato que contrabandistas de diamantes em Minas encherem as imagens de santos que eram ocas por dentro com as pedras preciosas e tentarem passar batido pelas patrulhas portuguesas. Afinal, toda produção aqui tinha que pagar um quinto de imposto à Coroa Portuguesa. Daí, vem outro termo: o “Quinto dos Infernos”. Mas isso é apenas informação adicional. Não tem nada a ver com o presente artigo.

Ah, sim. Você quer videozinho, né? Ok, toma videozinho, mas tirem o som que a música de fundo é uma bosta.

Apesar de todas piadinhas inevitáveis com a situação, é fant´stico vermos um momento na historia congelado no tempo, como uma mensagem para gerações futuras. Difícil saber que seu autor estava planejando exatamente isso

Observação: Ok, eu sei que é um título meio Notícias Populares. Eu não tô nem aí.

Fonte: RT, o Meia Hora Russo